No aniversário de Salvador, 1º Encontro Estadual de Mulheres Catadoras de Materiais Recicláveis escancara realidades escondidas e mascaradas há 473 anos
O encontro foi organizado pelo Centro de Artes e Meio Ambiente – CAMA, Fórum Estadual de Lixo e Cidadania da Bahia e Movimento Nacional de Catador(e)s de Matérias Recicláveis MNCR-BA
Por Beatriz Sousa | Redação Odara
Na última terça-feira (29), mais de 100 mulheres de todo o estado se reuniram de forma online e presencial, durante o 1º Encontro Estadual de Mulheres Catadoras de Materiais Recicláveis. O encontro aconteceu na sede do SINDPREV-BA – Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde, Trabalho e Previdência do Estado da Bahia; e foi promovido pelo Centro de Artes e Meio Ambiente – CAMA, o Fórum Estadual de Lixo e Cidadania da Bahia e o Movimento Nacional de Catador(e)s de Matérias Recicláveis MNCR-BA. A atividade foi marcada pela participação de coletivos, associações e cooperativas de toda Bahia.
Michele Almeida, do Movimento Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis), uma das idealizadoras do Encontro, conta que a ideia de realizar o evento em março surgiu a partir do 8 de Março – Dia Internacional das Mulheres. Apesar do dia e do mês serem “dedicados” às mulheres, as catadoras seguem invisibilizadas. Para ela, o dia foi uma maneira de empoderar essas mulheres que muitas vezes não se entendem como lideranças. “As mulheres são muitas nas cooperativas e associações, mas quando se trata de liderança são muito poucas”, afirmou.
Débora Didonê, idealizadora do Canteiros Coletivos, norteou os debates acerca de mudanças climáticas, reafirmando a necessidade e importância do trabalho feito pelas catadoras de materiais recicláveis, que contribuem de forma imensa com a redução dos impactos do sistema de exploração capitalista no planeta. Ainda que esse trabalho seja visto como “trabalho de formiguinha”, é indispensável para a sociedade.
O Encontro se tornou um lugar de denúncia, onde diversas mulheres contaram suas histórias de vida, abriram suas feridas mais profundas, com muita confiança e com a certeza de acolhimento. Rosinete Bonfim, Diretora da Cooperativa de Catadores de Canabrava, tem 12 anos de atuação na Cooperativa, e conta que já trabalhou no lixão. Para ela, o encontro foi maravilhoso: “Eu sempre participo de encontros assim, acho maravilhoso, esse foi ótimo.”
As mulheres catadoras de materiais recicláveis têm direito de acessar o lazer, a educação e explorar todas as suas potencialidades, e o Instituto Odara segue apoiando essa luta por respeito e direito, que também é nossa.
Valdecir Nascimento, ativista no Odara – Instituto da Mulher Negra, comemora: “Fico muito honrada pelo convite, por ter sido escolhida como uma das facilitadoras do encontro. É um prazer imenso participar do compartilhamento da história de vida dessas mulheres negras que tanto lutam contra esse regime de semi-escravidão”. Valdecir ressalta a importância de dar continuidade aos espaços de troca e acolhimento entre essas mulheres, em sua maioria negras, que muitas vezes vivenciam situações de exploração e desumanização.
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