Projeto Minha Mãe Não Dorme Enquanto Eu Não Chegar realiza rodas de conversa sobre violências contra mulheres negras no Cabula e Nordeste de Amaralina, em Salvador (BA)
Atividade foi mediada por ativistas da equipe de enfrentamento às violências contra mulheres negras, do Odara – Instituto da Mulher Negra
Redação Odara
Nos últimos dias 27 e 30 de abril, o Minha Mãe Não Dorme Enquanto Eu Não Chegar, em parceria com o Grupo Mulheres em Luta e a Associação Artístico-Cultura Odeart, realizou rodas de conversa como o tema Violências Contra Mulheres Negras. A atividade foi realizada de forma conjunta com a equipe de enfrentamento às violências contra mulheres negras, também do Instituto Odara.
As rodas contaram com a participação das integrantes e mobilizadoras do Minha Mãe Não Dorme das comunidades do Cabula e Nordeste de Amaralina e foram mediadas por Joyce Lopes e Lorena Machado. Seguindo a metodologia pensada para a atividade, em um primeiro momento foi feita uma dinâmica para as apresentações individuais e, em seguida, as mulheres indicaram palavras que dialogam com o tema das violências contra mulheres negras para nortear a conversa.
“A gente sentou na roda pra nos abraçarmos, nos escutarmos e provocarmos a questão sobre qual é o modelo de proteção e autoproteção que queremos para nós, quais são os desafios e qual é o caminho para que mulheres nossas e como nós, representem em segurança as nossas demandas, seja a frente da associação comunitária do bairro, do movimento de mães de jovens vitimizados pelo braço armado do Estado ou na Câmara municipal de Vereadores”, explicou Joyce Lopes, coordenadora da equipe de enfrentamento à violência política e violências contra as mulheres negras, do Odara.
Segundo Lorena Machado: “Esses momentos de troca são importantes para fortalecer a rede ancestral de mulheres negras para apoio nessas situações difíceis, instrumentalizando essas mulheres para que se expanda o conhecimento sobre a legislação, sobre a intersecção das questões raciais, de gênero e de sexualidade, além de fortalecer suas percepções de garantias de direitos perante o Estado”.
Durante as duas rodas de conversa realizadas, foram discutidas questões como violência racial, palavras que machucam, a importância de votar em candidatas negras, assédio moral e sexual, problemáticas sugeridas pelas mulheres que integram o Minha Mãe Não Dorme.
“O homem se acha no direito de se apropriar da mulher e fazer proibições”, afirmou Maria Lúcia, do Nordeste de Amaralina. “Isso não é uma doença, isso é o machismo que vem de lá de trás”, completou Edvalda de Deus, do mesmo bairro.
“Violência contra mulher não é só violência doméstica. Em nosso trabalho e em outros lugares também ocorre violência: os homens que ganham mais ocupando os mesmo cargos que a gente; os homens que não aceitam ser liderados por mulheres e outras diversas situações, até na rua, por exemplo, quando acontece alguma coisa ruim no trânsito e eles dizem que é coisa de mulher”, afirmou Roberta Lima Batista, do Cabula.
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