+ NEGRAS NA POLÍTICA: Plataforma reúne conteúdos sobre o enfrentamento da violência política de raça e gênero
Na última quinta-feira (29) foi lançada oficialmente a “+Negras na Política”, campanha de comunicação e plataforma colaborativa de conteúdos para o enfrentamento da Violência Política de Raça e Gênero (VPRG).
A iniciativa, que tem a organização das instituições: Rede A Ponte, Elas no Poder, Frente de Mandatas e Mandatos Coletivos, Instituto Alziras, Instituto Update, Lamparina, Observatório Feminista do Nordeste, Odara – Instituto da Mulher Negra e Rede de Feministas Antiproibicionistas (RENFA), vem sendo desenvolvida desde o mês de fevereiro, deste ano, a partir do Encontro + Representatividade, realizado em Salvador (BA).
Durante a Live de Lançamento, Marília Gomes, do Observatório Feminista do Nordeste, destacou a relevância da plataforma para visibilizar e combater a violência política de raça e gênero. “O objetivo da + Negras na Política é desnaturalizar e evidenciar a existência deste tipo e violência para que a gente possa romper com esses ciclos, e também com os casos subnotificados, e se aproximar do número real de violências para que a gente possa incidir, enfrentar e atuar.”
O lançamento da plataforma + Negras na Política também contou com a participação da vereadora e candidata à reeleição, pelo município de Alagoinhas (BA), Juci Cardoso (PT), que na oportunidade fez referência a trajetória de Antonieta de Barros, primeira parlamentar negra brasileira, enquanto relembrava a sua própria trajetória política.
“Para nós, mulheres negras, não tem como a gente analisar nada sem falarmos de classe e raça, que nos colocam em situações de pobreza, de vulnerabilidade. Nós, mulheres negras, se não tivermos essa organização em rede para que possamos possibilitar que outras ocupem esses espaços e permaneçam nele, continuaremos sendo exceção. Eu não quero ser exceção. Não quero ser a única”, relatou Juci.
A Lei 14.192 alterou Código Eleitoral e desde 2021 tornou crime a violência política de gênero. Para Tauá Pires, diretora Instituto Alziras, a constituição precisa dar conta também de demarcar como as questões raciais impactam diretamente as violações dos direitos das parlamentares.
“Ainda temos muitos relatos de várias parlamentares que são barradas nas portas das Assembléias, reforçando que as mulheres negras ainda não são reconhecidas neste lugar de autoridade. Diferente da lei, que só vem como violência política de gênero, colocar tinta nesse debate é fundamental para a gente apresentar para a sociedade os gargalos que as mulheres negras enfrentam para fazer o exercício do direito político no país”, afirmou Tauá.
A coordenadora do projeto Pretas no Poder – Participação Política, Representatividade e Segurança de Ativistas Negras, do Instituto Odara, Joyce Lopes, destacou que a violência política atravessa não só o processo eleitoral, mas também as políticas que atuam no meio ativista ou militante, que são defensoras de direitos humanos.
Ao mencionar dados do Mapeamento da Violência Política contra Mulheres Negras do Nordeste, publicado pelo Instituto Odara em 2022, Joyce apontou que 93% das mulheres entrevistadas no dossiê afirmaram terem sofrido violência de raça e gênero nas suas relações intrapartidárias nos seus processos políticos, sendo que as demais entrevistadas também apresentaram em suas narrativas uma série de situações que fazem entender que todas as entrevistadas sofreram violência política de raça e gênero.
“Quando a gente faz o enfrentamento a violência política de raça e gênero, a gente dá conta das violência sofridas pelas mulheres de um modo geral, mas quando a gente trata somente da violência de gênero, a gente não dá conta da dimensão racial. Do sofrimento dessas violências em que as mulheres negras estão acometidas é importante demarcar, que o aspecto racial não é uma parte desta violência, mas é algo fundante, por isso é necessário abordar ela como essa dimensão de estrutura e não como recorte”, explicou Joyce.
O evento de lançamento da plataforma + Negras na Política está disponível no canal do YouTube do Instituto Odara (clique aqui para acessar) , já para acessar a paltaforma basta acessar: maisnegrasnapolitica.org
Comentários