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Caso de Bárbara Trindade, vítima de tentativa de transfeminicídio na Bahia em 2017, vai a júri na próxima terça-feira (29); ato público acontece no mesmo dia em frente ao Fórum de Irecê

Os acusados pelo crime, Domingos Mendes e o ex-policial militar Paulo Roberto Ferreira, respondem em liberdade pelo crime que deixou Bárbara tetraplégica 

Oito anos após a tentativa de transfeminicídio que deixou Bárbara Trindade tetraplégica, o caso irá a júri popular na próxima terça-feira (29), às 9h, na cidade de Irecê (BA). Os acusados são Domingos Mendes e o ex-policial militar Paulo Roberto Ferreira, denunciados pelo crime ocorrido em 2017. 

A realização do julgamento, após anos de impunidade, marca um momento importante para a responsabilização dos autores de um crime brutal motivado por ódio e transfobia. Em resposta, familiares, amigas e organizações de direitos humanos estão convocando o Ato Justiça por Bárbara, que acontecerá no mesmo dia e horário, em frente ao Fórum de Irecê. A mobilização cobra justiça, visibilidade e reparação para Bárbara e todas as vítimas de transfeminicídio e violência no Brasil.

Na época com 21 anos, Bárbara foi alvo de uma emboscada armada por Domingos e Paulo Roberto. Baleada no maxilar e na coluna, sobreviveu, mas perdeu os movimentos do corpo. Hoje, com 29 anos, ela vive em São Paulo e segue denunciando o descaso das autoridades desde o momento do crime: “Tentaram abafar. Tentaram me comprar, comprar a minha família”, afirma.

A mobilização do dia 29 é impulsionada por organizações como o Odara – Instituto da Mulher Negra e a Assistência Jurídica Feminista TamoJuntas, que acompanham o caso em parceria prestando para Bárbara uma assessoria multidiciplinar. A expectativa com o ato é reunir movimentos sociais, ativistas LGBTQIA+ e apoiadores da causa em defesa da vida de mulheres trans e da responsabilização dos agressores.

Para Joyce Souza, coordenadora dos projetos de enfrentamento às violências do Instituto Odara, o caso de Bárbara não pode ser visto de forma isolada: “Ela é uma sobrevivente de uma escalada de violências, inclusive institucionais e estatais. Não foram apenas aqueles homens que puxaram o gatilho contra ela.”

Joyce ainda  reforça que a tentativa de transfeminicídio deve ser analisada nas dimensões política, econômica, familiar e psicológica, especialmente diante dos alarmantes índices de assassinatos de pessoas trans e travestis no Brasil, país que segue como o que mais mata essa população, segundo dados da ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais).

A advogada Laina Crisóstomo, da TamoJuntas, que atua como assistente de acusação no caso junto ao Ministério Público, destaca que o ato público cumpre um papel fundamental:

“O caso de Bárbara não é isolado. Ele expõe como o sistema e o Estado têm falhado miseravelmente com corpos diversos. No próximo dia 29, precisamos ocupar as ruas e dizer que nenhuma mulher trans ou travesti vai tombar em silêncio. É hora de cobrar reparação do estado brasileiro. É isso que a gente quer.”

SERVIÇO:

O quê: Júri Popular e  Ato “Justiça por Bárbara”
Quando: 29 de julho de 2025 (segunda-feira), às 9h
Onde: Em frente ao Fórum de Irecê –  Irecê, Bahia
Quem participa: Familiares, amigas, militantes da causa LGBTQIA+, movimentos sociais, organizações de direitos humanos

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