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CARTA DO ODARA À BRANQUITUDE ANTIRRACISTA DO BRASIL

Redação Odara

Cara pessoa branca que se diz antirracista,

 Como você analisa a sua construção identitária branca e o seu acesso histórico a privilégios materiais e simbólicos?

Quando você reparou que suas falas são respeitadas, e você tem reconhecimento nos mais diversos ambientes em que se posiciona?

Que você tem direito de errar e pedir desculpas sem perder oportunidades? 

Quando reparou que você e os seus quase sempre são o centro das  narrativas nos jornais, novelas, filmes, séries e no mundo virtual? Quando percebeu que a sua cor te trazia benefícios, seja você pessoa branca com sobrenome de neto de engenho ou branco pobre que venceu na vida?

Calma! Não queremos que você mude seu passado, mas agora, com todos esses acessos mencionados, agora que você reconhece o racismo, de que forma você tem exercitado o seu antirracismo?

Você utiliza hashtags do Black Lives Matter? Coloca quadrado preto no seu perfil do Instagram para mostrar que se importa? Mas para você, as vidas negras também importam fora da internet?

Nas suas escolhas pessoais, profissionais, afetivas e cidadãs, como você contribui com o direito à vida, voz e dignidade das pessoas negras?

Você denuncia a cultura racista brasileira? E como você trata as trabalhadoras domésticas da sua casa? Como “quase da família”? Ou garantindo e respeitando seus direitos trabalhistas? Para quais outras funções você contrata ou faz parcerias com pessoas pretas?

Quantas pessoas pretas você impulsiona e compartilha oportunidades? E de quantas já duvidou da intelectualidade?

Quando uma pessoa próxima a você se posiciona de maneira racista em reuniões de amigos, de família, em seu local de trabalho ou na Universidade, você se posiciona? Ou silencia, para não se indispor com alguém que você gosta?

Você admira a estética e a cultura negra? Elogia os blacks, tranças e dreads em mulheres negras e pede para tocar achando exótico? Chega a usar tranças para ajudar a valorizar a causa? Ou reflete sobre os impactos da  apropriação cultural e entende a diferença entre solidariedade, compromisso e pertencimento?

Tenta resgatar uma suposta negritude, já que a sua bisavó era negra?

Lê Fannon? Angela Davis? Chimamanda? Por isso você tem certeza que entende mais sobre racismo do que as pessoas pretas que não acessaram a universidade?

Você pesquisa sobre racismo, mas não se incomoda com a ausência de professores e estudantes negros na sua universidade?

Trabalha com projetos sociais, mas assedia colegas e funcionários negros?

Aprende Yorubá? Capoeira? Ouve rap? Samba?

Te incomoda o fato de que a cada 23 minutos uma pessoa negra é assassinada no Brasil? Se sensibiliza com a falta de oportunidades para crianças, adolescentes e jovens negros? E o que você faz com o seu incômodo?

Depois do Novembro Negro, o que sobra da sua luta antirracista?

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