Copa 2014: Estamos no jogo! Não aceitamos só pagar a conta
O povo brasileiro, como todos os povos do mundo, pratica e ama os esportes. Talvez mais que outros povos do mundo, os brasileiros têm grande paixão pelo futebol. Como também amam suas cidades e recebe com grande hospitalidade e alegria aqueles que, de todas as partes do mundo, vêm nos visitar e conhecer nossa riqueza […]
O povo brasileiro, como todos os povos do mundo, pratica e ama os esportes. Talvez mais que outros povos do mundo, os brasileiros têm grande paixão pelo futebol. Como também amam suas cidades e recebe com grande hospitalidade e alegria aqueles que, de todas as partes do mundo, vêm nos visitar e conhecer nossa riqueza cultural, nossa música, nosso patrimônio histórico, nossa extraordinária diversidade ambiental, nossas alegrias e também
populacional de baixa renda que vivem em condições precárias em todas as cidades-sede da Copa-2014.
A argumentação oficial que justificaria o maciço investimento financeiro, mais de 27 bilhões de reais oriundos dos cofres públicos é a de que com a realização destes megaeventos esportivos o País iria crescer como dantes nunca visto na história do Brasil. Crescimento que beneficiaria toda a população brasileira. É isso que estamos observando aqui em Salvador? Há melhoria significativa no sistema de transporte coletivo? A nossa cidade está oferecendo uma condição de vida mais digna à sua população? Por porventura, o sistema de saúde foi promovido ao grau de excelência como afirmava na propaganda? Por que as riquezas e bens culturais que a nossa Salvador tem não podem ser usufruídos para todos que nela vivem?
Infelizmente, parece que nós nos esquecemos da propaganda oficial – veiculada reinteiradas vezes nos meios de comunicação massivos – que nos vendeu a Copa da FIFA 2014 como a oportunidade do “Povo brasileiro” ter acesso ao maior legado social a partir da realização dos megaeventos esportivos. E aqui queremos reforçar quais seriam estas melhorias assinaladas:
ü Construção de novos complexos hospitalares;
ü Investimento em novos modais para o transporte coletivo;
ü A solução do saneamento básico;
ü O combate ao desmatamento e cuidado com o meio ambiente;
ü A ampliação e melhora da infraestura em todas as cidades-sedes da Copa;
ü A construção de espaços (complexos) esportivos para fomentar as práticas esportivas.
O que vemos?
Nós do Comitê Popular da Copa na cidade do Salvador vemos com a eminência dos jogos das Copas da Confederação e da Copa da FIFA em 2014 um impactos negativos que recai sobre a vida de muitos soteropolitanos. E o que é pior, é que essa realidade não estar acontecendo só aqui, ela se multiplica e se instala em todas as cidades-sede onde os megaeventos esportivos estão programados para acontecer. Se olharmos para a história do Brasil qual seria a sua imagem?
A Imagem que se ver do Brasil é a de um País nascido, segundo Darci Ribeiro (2007, p17), do “entrechoque e do caldeamento do invasor português com índios silvícolas e campineiros e com negros africanos, uns e outros aliciados como escravos”; como também nossas mazelas – a maior das quais é a dramática injustiça social e ambiental que constitui lamentável marca da história e da realidade atual deste imenso País.
A quem cabe a responsabilidade por realizar uma Copa do Mundo? A realização de uma Copa do Mundo é uma questão pública a ser assumida e patrocinada pelo Estado? Ou é uma responsabilidade de setores privado interessados em grandes lucros livres dos impostos a serem pagos aos governos: federal, estadual e municipal? Quais são os seus impactos positivos e negativos, e qual deles se faz notar com mais visibilidade e agudez na sociedade?
Estas perguntas e muitas outras inquietam o Comitê Popular da Copa (criado em 2010) e o impulsiona buscar compreendê-las, como também, dar ciência de sua existência ao povo de nossa querida cidade do Salvador. O Comitê Popular da Copa faz parte da Articulação Nacional dos comitês que estão organizados nas 12 cidades-sede da Copa da FIFA (2014). Estes comitês surgem a partir das experiências de luta dos movimentos sociais atuantes em todo o território brasileiro, e com a eminente realização dos megaeventos esportivos (Copa do Mundo da FIFA – 2014 e as Olimpíadas – 2016). Estes amplamente divulgados como a grande oportunidade para o Brasil alavancar o seu crescimento, tornando-se um País moderno. E disso a propaganda oficial do Estado brasileiro se encarregara de por em evidencia as melhorias significativas que seriam alcançadas pelo País, mediante a realização destes megaeventos esportivos, inclusive com melhorias em áreas bem sensíveis para a sociedade brasileira. Como são a saúde pública, o transporte coletivo, a educação pública de qualidade e a moradia digna para um grande contingente de outros contingentes humanos provenientes das escaladas migrações dos europeus, árabes e japoneses. A confluência de tantas matrizes diferenciadas se consolidou na formação de um povo ordeiro, hospitaleiro, alegre. Mas também ela é responsável por uma “falsa democracia racial” que obscurece o grande abismo existente entre as classes sociais. Essa falsa “democracia racial” nos impede de ver a gritante desigualdade de oportunidades entre os ricos e remediados dos pobres, e todos eles dos miseráveis. Dentre estes estão o negro e o índio em maior quantidade destacadamente.
O meu Brasil chegou ao século XXI como uma potencia emergente e já se configura no grupo dos 20 Países mais ricos do mundo. E recentemente foi classificado como a 6ª potencia econômica mundial, superando o Reino Unido. Isso é uma piada? Como pode se a 6ª economia mundial e ocupar o 84º (octogenário quarto lugar) no índice de desenvolvimento humano. Esse é um País das contradições. Talvez seja esta a razão maior pela qual a FIFA – Federação Internacional de Futebol Associado escolheu o Brasil como sede da Copa do mundo de 2014. Assim o seu faturamento e o das demais empresas “amigas” da FIFA tem chance real de ser o maior da história, ou pelo menos, o será o mais desejado por eles com ajuda do Estado brasileiro. Com isso o País põe em risco o seu futuro, penaliza todo o seu povo ao contrair para si a responsabilidade de arcar os custos financeiros que requer uma Copa da FIFA, desvia recursos públicos que deveria ser aplicados em beneficio de todos os brasileiros. O resultado será a contração de uma divida pública sem procedentes na história do País.
No próximo dia 05 de abril será inaugurada a Arena Fonte Nova que substituiu o antigo estádio Otávio Mangabeira. A implosão do antigo estádio público e a construção do novo no mesmo local, mas de matriz privativa, é mais uma estratégia adotada para favorecer os negócios escusos da FIFA, e foi uma condição para que os jogos da Copa 2014 pudessem se realizar em Salvador.
Fonte: Comitê Popular da Copa
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