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Durante o carnaval, Instituto Odara realiza ação de denúncia ao genocídio da população negra no Circuito Mestre Bimba, no Nordeste de Amaralina, em Salvador (BA)

A ação foi realizada através do projeto Minha Mãe Não Dorme Enquanto Eu Não Chegar em parceria com o Grupo Mulheres em Luta, o Camarote Nordeste Folia e o Bloco Afro Arte Kizumba

Redação Odara | Imagens: Jamile Novaes

O Odara – Instituto da Mulher Negra, através do projeto Minha Mãe Não Dorme Enquanto Eu Não Chegar, marcou presença no carnaval de Salvador (BA). Durante os dias da folia, ativistas do Instituto e mobilizadoras do projeto estiveram no Circuito Mestre Bimba (Nordeste de Amaralina), realizando uma ação de panfletagem com o objetivo de dar visibilidade à luta contra o genocídio da população negra.

A ação foi articulada em parceria com o Grupo Mulheres em Luta, o Camarote Nordeste Folia e o Bloco Afro Arte Kizumba. Além dos panfletos, algumas faixas foram colocadas no circuito, chamando a atenção dos foliões para questões como violência e letalidade policial, e a necessidade de se mobilizar para combatê-las.

Para Hildete Emanuele Nogueira, coordenadora do Minha Mãe Não Dorme, mesmo em meio a um período festivo, como é o carnaval, é necessário alertar a comunidade sobre a importância de se posicionar contra a violência do Estado, que faz parte do cotidiano do Nordeste de Amaralina. “Estamos aqui para dizer que queremos a juventude negra viva, fazendo carnaval e ocupando as ruas”, enfatizou Hildete.

Márcia Ministra, integrante do Grupo Mulheres em Luta e mobilizadora local do projeto, também ressaltou que o Nordeste de Amaralina é um bairro atravessado por diversas violências e afirmou que realizar esse tipo de ação no carnaval é estratégico para ter maior alcance e sensibilizar a comunidade: “A gente só vai vencer se a luta for coletiva, se a gente se juntar para lutar pela juventude, lutar contra o racismo, contra o feminicídio e contra tantas outras formas de opressão que nos atingem”, afirmou.

Márcia ressaltou ainda que é simbólico apoiar e realizar tal articulação junto a um bloco como o Kizumba, que é o primeiro bloco afro do Circuito Mestre Bimba e se configura também como um espaço de resistência de mulheres negras e representatividade cultural.

Bloco Afro Arte Kizumba

Alan do Carmo, organizador do Camarote Nordeste Folia, agradeceu o apoio e parceria do Instituto Odara e destacou a importância da atuação do projeto Minha Mãe Não Dorme no Nordeste de Amaralina. “É um projeto muito importante para as mães e outras mulheres que perderam seus entes queridos. Sabemos que mesmo durante o carnaval não estamos livres de passar por situações como essas [de violência e letalidade policial contra a população negra], então é muito bom que esse projeto esteja aqui marcando presença”, ressaltou.

Morador do Nordeste de Amaralina e mobilizador do projeto de jovens do Minha Mãe Não Dorme, Luckas Silva lembrou que o bairro tem uma cena muito forte de juventude e destacou o caráter formativo da ação: “É importante que os jovens estejam cientes dessa realidade para que saibam se defender, porque são constantes as investidas policiais e a vitimização dos jovens negros aqui no bairro”, disse Luckas.

Sobre o projeto

O projeto Minha Mãe Não Dorme Enquanto Eu Não Chegar é organizado pelo Odara – Instituto da Mulher Negra em parceria com a Associação Artístico-Cultural Odeart e o Grupo Mulheres em Luta, organizações localizadas, respectivamente, nas comunidades do Cabula e Nordeste de Amaralina, em Salvador-BA.

Desde 2015 o projeto atua no fortalecimento e promoção da organização política de mulheres mães e familiares de vítimas do Estado, com apoio jurídico, realização de audiências públicas que pautam o extermínio da juventude negra e atividades diversas que visam a autonomia e o autocuidado dessas mulheres.

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