Feministas comentam importância da ação #PrecisamosFalarSobreAborto 24 h
Texto de Thaís Campolina
28 de setembro é o dia de luta pela descriminalização do aborto na América Latina e Caribe. A data foi definida em 1990, na Argentina, durante o 5º Encontro Feminista Latino-Americano e Caribenho e desde então feministas tem organizado ações, campanhas e debates sobre o assunto durante a data e períodos próximos.
Think Olga, Gorda&Sapatão, Justificando e nós, do Ativismo de Sofá, organizamos a ação #PrecisamosFalarSobreAborto 24 horas, que consiste numa virada online feminista que começará às 00:00 do dia 28 e terminará só com o último live às 00:00 do dia 29 de setembro. Nesse período, organizações, coletivos, páginas, blogues, pesquisadoras e pessoas públicas farão transmissões online através do facebook, divulgarão textos sobre o assunto e vídeos já gravados, utilizando a hashtag que nomeia a campanha.
A programação das transmissões ao vivo contam com nomes como Clara Averbuck,Karina Buhr, Djamila Ribeiro, Debora Diniz, Marcia Tiburi, Ana Lucia Keunecke,Melania Amorim, Silvia Badim e coletivos/organizações/sites como MinasNerds, Revista Azmina, Rede Feminista de Juristas, Maternativa, ONU Mulheres e Catarinas. Acesse a agenda oficial dos lives através do link do evento e confira os horários.
Durante a data e dias próximos, é comum que ocorra atos, panfletagens, intervenções artísticas em várias cidades, rodas de conversa e palestras em universidades. Em outros anos, tuitaços com hashtags relacionadas ao tema também aconteceram. Fazer ativismo nesse período ou através da internet não é bem uma novidade, mas a campanha desse ano chama atenção por utilizar uma nova ferramenta das redes sociais e por contar com a força coletiva de diversas colaboradoras e apoiadoras. Até então, há quarenta e oito lives confirmados. Fora as outras formas possíveis de participação.
Jéssica Ipólito, escritora do blogue Gorda&Sapatão, considera essa ação importante por encurtar as pontes que distancia o “público geral” de pessoas “especialistas”, estabelecendo um outro contato entre quem se interessa por um assunto que se destrincha em vários outros, oferecendo pontos de vistas diversos e embasados. E ressalta “fazer uma ação nas redes sociais desse porte, significa oferecer subsídios para as pessoas formularem seus pontos de vista; é também fazer formação política com meninas e jovens que, desde muito cedo, já estão em contato com o feminismo através de memes e gifs, discursos de empoderamento que tem seu pano de fundo a política feminista. Então é muito entusiasmante essa ação, que é a primeira e única que já vi acontecer nesse viés, simultaneamente, na internet – e ainda carregando essa data importante.”
Juliana de Faria, criadora do Think Olga, acredita que o evento online é interessante, pois trará o debate sobre aborto sob diversas óticas e acrescenta “O MinasNerds, por exemplo, que produz conteúdo sobre cultura pop vai falar sobre aborto em séries, filmes, etc. É uma forma de gerarmos reflexão para diversos públicos. Além disso, de interagimos com públicos que não são o nosso. Todas e todos, que estão na ação ou a acompanhando, vão aprender muito”.
Joice Berth, arquiteta, colunista dos sites Justificando, Nó de Oito e Revista Língua de Trapo e pesquisadora sobre feminismo negro e questões raciais, acrescenta “eu creio que, apesar do acesso a rede não atender 100% da população brasileira, deixando de fora pessoas de grande e média vunerabilidade social, já podemos considerar as ações em rede como um poderoso instrumento de comunicação e informação” e reflete que frente à necessidade, urgência e o interesse geral de abordar esse assunto, uma ação como essa possibilita que a discussão aconteça de maneira competente e informal, sem o peso que muitas vezes tem uma roda de conversa ou um conteúdo técnico que se faz em palestras que para muitos não são muito acessíveis. “A quantidade e qualidade de especialistas que vão participar vai sem dúvida, esclarecer muitas confusões sobre o assunto que pairam pelas cabeças da população simplesmente porque não há espaço e tempo para desfazer equívocos e falar de maneira direta sobre essa questão urgente e inadiável”, destaca Joice.
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Fonte: Revista Fórum
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