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Justiça por Thainara Vitória: Polícia Militar de Minas Gerais (PM-MG)  alega afastamento de envolvidos na morte da jovem, mas evidências desmentem versão oficial 

Em novembro de 2024, Thainara Vitória Francisco Santos, de 18 anos, foi morta em Governador Valadares (MG), após tentar defender o irmão de 15 anos, autista, de uma abordagem policial violenta. Na ocasião, os policiais envolvidos no caso alegaram que ela passou mal na viatura e foi levada a uma unidade de saúde, mas exames comprovaram que a jovem foi espancada e morreu por asfixia causada por estrangulamento.

Apesar da Polícia Militar de Minas Gerais (PM-MG) afirmar que os agentes envolvidos na abordagem que resultou na morte de Thainara foram afastados, a PM-MG mantém quase todos os policiais exercendo seus trabalhos normalmente. Documentos internos da própria corporação, aos quais a agência de notícias The Intercept Brasil teve acesso, mostram que 20 dos 21 PMs seguem em serviço, inclusive participando de operações recentes e até promovendo ações institucionais nas redes sociais do 6º Batalhão da Polícia Militar de Minas. 

Diante das denúncias sobre a conduta dos agentes, a PM-MG afirmou que os policiais foram “imediatamente afastados” desde o ocorrido. No entanto, boletins internos mostram que os responsáveis por imobilizar Thainara e os PMs que estavam na viatura em que ela morreu continuam trabalhando normalmente. O sargento Elias Antonio Dias e o soldado Uthant Vieira de Andrade Júnior, responsáveis por imobilizar Thainara, seguem atuando nas cidades de Periquito (MG) e Alpercata (MG), municípios próximos a Governador Valadares. Os dois aparecem em boletins internos registrando operações no fim de janeiro e início de fevereiro deste ano. Os outros três PMs que estavam na viatura, o cabo Thiago Antunes Barbosa e os sargentos William Pomaroli e Robson Pierre de Assunção Costa, também seguem em serviço. Registros mostram que, no dia 5 de janeiro de 2025, os três participaram de uma ocorrência em Governador Valadares, onde um jovem foi baleado em  casa. 

A presença dos policiais nas ruas não se limita às operações. O sargento Elias, por exemplo, aparece em um vídeo institucional publicado em 23 de janeiro no Instagram do 6º Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais e também divulgado pela prefeitura de Periquito, promovendo um canal de comunicação direta entre a PM e os moradores. A conta de WhatsApp divulgada no vídeo foi criada quando ele já deveria estar afastado, segundo a versão oficial da PM-MG.

Além dos registros internos, testemunhas relatam que os policiais seguem circulando pelo condomínio onde Thainara morava, gerando  intimidação e insegurança. Moradores afirmam que os PMs frequentemente passam pelo local, como se marcassem presença de propósito: “Eles passam aqui direto. Parece que querem intimidar a gente. Depois que tudo aconteceu, ninguém se sente seguro mais”, declarou um vizinho que não permitiu ser identificado.

Familiares e movimentos sociais denunciam a falta de transparência no caso e cobram providências das autoridades estaduais. A Polícia Militar e o governo de Minas Gerais não responderam aos questionamentos sobre os documentos que desmentem a versão oficial cobrada pelo The Intercept Brasil. O caso segue sob investigação da Polícia Civil, mas ainda sem prazo para a conclusão do inquérito. Enquanto isso, a impunidade, negligência e  continuidade dos agentes em serviço reforçam a indignação da família e da população que exige justiça por Thainara Vitória.

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