NOTA DE SOLIDARIEDADE À VEREADORA ELIETE PARAGUASSU DIANTE DA VIOLÊNCIA POLÍTICA SOFRIDA EM BOM JESUS DOS PASSOS

O Odara – Instituto da Mulher Negra manifesta solidariedade à vereadora Eliete Paraguassu, que no último domingo (16), na Ilha de Bom Jesus dos Passos- BA, foi cercada, perseguida e hostilizada por pessoas ligadas à Prefeitura Municipal de Salvador. Em sessão ordinária na câmara de vereadores, a ativista afirmou em discurso: “Indo fazer a jornada da Maré de Março [atividades voltadas para a valorização da cultura e das comunidades da pesca artesanal, marisqueiras e de preservação dos ambientes de água], fui atacada por pessoas que fazem serviço a Prefeitura Municipal de Salvador, com pessoas encarregadas me atacando na tentativa de humilhação e hostilização, vários homens me seguindo, a comunidade tentou me acolher dentro de uma igreja, e mesmo assim um desses funcionários tentava invadir, não sei o que ele queria fazer comigo, precisei acionar a polícia e minha família que conseguiu me tirar dali, me levar para a Ilha de Maré para eu conseguir chegar em São Tomé de Paripe.”
Esse ataque não é um caso isolado, mas parte de um contexto de violência política de raça e gênero que ameaça lideranças comprometidas com a defesa dos territórios tradicionais e das comunidades quilombolas, especialmente mulheres negras. Eliete, eleita para representar sua comunidade e pessoas que se sentem representadas por seu alinhamento político, tem o direito de exercer o mandato com segurança. A perseguição que enfrenta reflete os interesses de um modelo econômico que privilegia poucos homens brancos em detrimento das populações, em sua maioria negras, que há séculos protegem a Baía de Todos-os-Santos.
É inadmissível que uma parlamentar seja alvo de constantes ameaças por cumprir seu papel de denunciar injustiças e defender os direitos de sua comunidade: “É importante dizer que eu não estava em campanha. Eu sou uma vereadora eleita, e as pessoas precisam me respeitar como tal, independentemente de eu ser vereadora ou não. Eu queria entender como a Câmara tem um projeto de segurança para parlamentares ameaçados pelo modelo de desenvolvimento imposto, que nós enfrentamos”, reafirma Eliete.
“É bom registrar que as ilhas não têm carro, e o lugar onde me sinto ameaçada é no meu próprio território, por homens que me perseguem e por mulheres que já têm processos relacionados à minha segurança, mas que, ainda assim, continuam me perseguindo, tentando me agredir, com ácido para jogar em mim. É fundamental registrar isso: Esta casa, esta comissão, precisa me ajudar, garantir que eu permaneça viva no espaço que conquistei, porque eu fui eleita.”
Cabe à Câmara Municipal de Salvador e às demais instâncias competentes adotar medidas concretas para garantir sua segurança,impedir novas agressões e enfrentar todas as formas de violência política de raça e gênero, como previsto na Lei nº 14.192/2021. A luta de Eliete Paraguassu é coletiva, e qualquer tentativa de silenciamento não será aceita. Em pleno Março de Lutas e na Maré de Março, seguimos firmes em defesa da justiça e do direito ao exercício da participação política para mulheres negras!!
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