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Nota em Solidariedade à Deputada Federal Célia Xakriabá alvo de violência política de raça e gênero

Durante a votação do PL da Devastação, na última quinta-feira (17), a deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) foi alvo de mais um lamentável episódio de violência política de raça e gênero. Na ocasião, o deputado Kim Kataguiri (União Brasil – SP) e outros parlamentares zombaram do cocar, adereço sagrado que carrega uma simbologia tradicional para os povos indígenas, numa tentativa racista e misógina de deslegitimá-la enquanto representação política do seu povo.

A violência política de raça e gênero é um mecanismo de opressão derivado do racismo e do sexismo, que tem como objetivo violar o direito de participação política das mulheres, principalmente negras e indígenas, em razão da sua identidade de gênero e raça. Tal violação se expressa de diferentes formas, desde o impedimento de essas mulheres acessarem espaços de decisão comunitários até atos de violências físicas, simbólicas e verbais contra aquelas que ousam ocupar espaços como o Congresso Nacional.

Nesse sentido, é fundamental denunciar que o Congresso tem se tornado um ambiente marcado por práticas racistas e sexistas, que violentam parlamentares negras e indígenas no exercício legítimo de seus mandatos. Não é raro que essas parlamentares tenham seus tempos de fala cerceados, suas ideias deslegitimadas, e suas identidades atacadas por colegas de plenário, quase sempre homens brancos de direita, que se recusam a aceitar a pluralidade e a diversidade como fundamentos da democracia.

O ataque sofrido por Célia Xakriabá se insere exatamente nesse cenário. A parlamentar tem sido uma das vozes mais firmes na defesa dos direitos dos povos indígenas e da preservação do meio ambiente, posicionando-se contra os projetos que buscam desmontar a legislação ambiental em nome dos interesses do agronegócio e do capital predatório.

Neste Julho das Pretas, mês em que celebramos a luta e a resistência das mulheres negras, e às vésperas da Marcha Nacional de Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, reforçamos que este episódio não pode ser naturalizado. Ele reafirma a urgência de reparações históricas, do enfrentamento ao racismo institucional e da construção de um projeto de sociedade pautado no Bem Viver, na justiça e na dignidade para todos os povos.

O Odara – Instituto da Mulher Negra, por meio de seus projetos de enfrentamento à violência contra as mulheres negras e indígenas, se solidariza com Célia Xakriabá, voz fundamental dos povos originários no Congresso Nacional. Sendo o crime de racismo inafiançável, esperamos que medidas judiciais cabíveis sejam tomadas e que os parlamentares responsáveis por esse ato violento, racista e misógino sejam devidamente responsabilizados.

Reparação já. Racistas não passarão.

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