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Operação Policial no Recôncavo Baiano deixa 12 mortos e evidencia mais uma vez a Política de morte na Bahia

Uma operação das forças de segurança da Bahia resultou na morte de doze pessoas e na prisão de cinco “suspeitos” nos municípios de São Félix, Cachoeira e Muritiba, no Recôncavo Baiano

Por – Redação Odara

Mais um  extermínio estatal acontece há mais de 50 horas no Recôncavo Baiano, sob o disfarce de “combate ao crime organizado”. A operação das forças de segurança da Bahia nos municípios de São Félix, Cachoeira e Muritiba já resultou em doze vidas negras interrompidas e cinco pessoas detidas. Cerca de 200 policiais militares e civis estão mobilizados, semeando o terror e a dor em territórios historicamente negligenciados.

Enquanto a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) insiste na narrativa de enfrentamento, a realidade que se impõe é de uma escalada da violência estatal de alta letalidade, que mais uma vez tem endereço: as vidas negras, jovens e periféricas. A Bahia reitera um modelo de segurança pública que só oferece a bala e o cerceamento de direitos a quem já é alvo do racismo.

“Resistência” e a tática da legalização da morte

A SSP-BA informou que oito das nove mortes ocorreram em “confrontos” onde os alvos teriam “resistido à prisão” uma expressão que, no Brasil, historicamente serve de eufemismo institucional para encobrir execuções e validar a política de extermínio. No entanto, familiares, amigos e vizinhos das vítimas relatam que alguns deles foram tirados de casa desarmados e levados para ser executados nas matas da região. Não há transparência sobre os protocolos, as investigações são questionáveis e a presunção de inocência é sumariamente negada pela força do Estado.

A cronologia da operação com mortes em mata fechada e sucessivos “confrontos” desde a última terça-feira (11)  desenha um padrão preocupante de intervenção desproporcional e violenta, que ignora a vida e a dignidade humana.

Comunidades reféns e o impacto na vida das Mulheres Negras

Moradoras e moradores relatam o medo que paralisa o cotidiano: o deslocamento de mães trabalhadoras que dependem do transporte intermunicipal, a interrupção das aulas e a suspensão da rotina dos jovens, que são duplamente vitimados  pelo abandono social e pela mira policial.

Para as organizações da sociedade civil, o padrão é devastadoramente familiar: operações extensas, alto índice de letalidade e a ausência de garantias de direitos, transformando comunidades negras em campos de batalha.

Com nove famílias enlutadas em apenas três dias, a dor se soma à emergência financeira. Muitas dessas famílias, já em situação de vulnerabilidade extrema, enfrentam o desafio de arcar com os custos de um sepultamento digno.

A quem interessa um modelo de segurança que mata prioritariamente jovens negros? O Instituto Odara exige apuração rigorosa, transparência e um fim à política de morte na Bahia, sobretudo no Recôncavo Baiano.

Organizações locais se mobilizam para garantir despedidas dignas às vítimas. Para contribuir e apoiar as famílias acesse: https://www.instagram.com/p/DRAZoc6kkaM/?igsh=YWU4Mms5OWxscjB3

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