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#OpiniãoOdara: Na mesma semana, três casos de Violência Política de Raça e Gênero repercutem em duas grandes capitais do Nordeste

No último sábado (21), as co-vereadoras e candidatas da Mandata Coletiva Pretas por Salvador (PSOL-BA), Cleide Coutinho e Laina Crisóstomo, enfrentaram mais uma tentativa de intimidação enquanto exerciam o direito de divulgar a campanha, por parte de Sandro Filho, membro do Movimento Brasil Livre (MBL). Sandro tem histórico de perseguição e intimidação política contra Laina e Cleide, e a outras mulheres negras. Em agosto deste ano, ele havia tentado invadir o lançamento da campanha da mandata, e, em 2023, protagonizou outro ataque violento ao tentar invadir o gabinete das então vereadoras, aos gritos e desferindo socos contra a porta.

Dois dias antes do último episódio de violência política contra as Pretas por Salvador, na noite da última quinta-feira (19), a co-vereadora da Bancada Negra (PT-AL), Alycia Oliveira, e representante da candidatura coletiva à reeleição no município de  Maceió (AL), foi vítima de ameaças de estupro e morte, enviadas por um e-mail anônimo. Alycia fez parte da 6ª edição da Escola de Ativismo e Formação Política para Mulheres Negras – Beatriz Nascimento, do Instituto Odara, na turma especial Pretas no Poder, formada por ativistas negras pré-candidatas para as Eleições 2024.

Na mesma semana, no dia 14 de setembro, em Salvador (BA), enquanto a candidata à prefeitura da cidade, Eslane Paixão (UP), estava panfletando na rua, um homem branco se aproximou como se fosse um apoiador e a cuspiu. Eslane é militante pela reforma urbana do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e presidente estadual da UP, desde a fundação do partido, em 2019, e também integra o Diretório Nacional da legenda.

Além de acontecerem em duas grandes capitais do Nordeste, os três casos possuem similaridade na forma como o racismo e o machismo, em aliança, impulsionam a violência política contra três candidaturas de mulheres negras.

O caso de Alycia, que foi ameaçada anonimamente, revela como o ambiente digital pode ser usado como espaço de violência, enquanto o ataque a Eslane, em um espaço público, reforça que o racismo e o machismo se manifestam de maneiras diversas, mas com a mesma intenção: desestabilizar e excluir. Já o caso de Cleide e Laina destaca a tentativa contínua de desestabilização política, com a recorrente ação intimidatória de Sandro Filho, que tenta atacar diretamente a participação política de mulheres negras. Há de se destacar, que mesmo já co-vereadoras eleitas, em exercício de mandato, nem mesmo o lugar de parlamentar protege Alycia, Cleide ou Laina.

Nós, do Odara – Instituto da Mulher Negra, manifestamos nossa total solidariedade à Alycia, Eslaine, Cleide, Laina e tantas outras companheiras que são vítimas de violência política de raça e gênero diariamente. Condenamos veementemente qualquer tentativa de silenciamento contra mulheres negras defensoras de direitos humanos, candidatas ou em exercício político.

Exigimos que as autoridades tratem esses casos com seriedade, considerando a Lei de Violência Política de Gênero 14.492/2021, que caracteriza toda ação que impede, inviabiliza, restringe os direitos políticos das mulheres.

É fundamental garantir a segurança das mulheres negras que estão à frente de lutas políticas, como Alycia, Eslane, Laina e Cleide. O anonimato digital não pode servir de proteção aos criminosos, assim como o racismo e o machismo não podem continuar sendo camuflados por discussões de problemas mentais ou justificativas superficiais. 

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