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Planejamento com foco no combate às violências contra as mulheres fortalece conexões entre o Odara e lideranças quilombolas

Nós, ativistas do Odara – Instituto da Mulher Negra, estivemos de volta ao território da Chapada Diamantina, na Bahia, entre os dias 8 e 11 de dezembro para fortalecer nossa experiência de diálogo e construção de uma articulação política na região. O encontro ocorreu na antiga igreja da Nossa Senhora do Desterro, na Comunidade Quilombola do Agreste, em Seabra – BA.  

Nos reunimos com as mulheres lideranças comunitárias quilombolas da região para planejar as ações do próximo ano para o Projeto Quilomba: Pela Vida das Mulheres Negras, em parceria com o Nós por Nós – Projeto de Justiça Reprodutiva do Nordeste; ambos organizados pelo Odara. Juntas, refletimos sobre possíveis caminhos para o enfrentamento às várias formas de violências que atingem as mulheres nas comunidades negras rurais e quilombolas, incluindo a falta de acesso à saúde. 

Para Joyce Lopes, ativista do Instituto Odara e coordenadora do Projeto Quilomba, a atividade com as quilombolas foi mais um passo para a continuidade das ações de enfrentamento às violências contra mulheres. “É estratégico pensarmos com elas para além da violência doméstica e nesse sentido a parceria com o projeto Nós Por Nós nos ajudou a aprofundar as discussões, pensar os aspectos das violências estruturais e especificamente na saúde”, explicou. 

A metodologia utilizada durante o encontro para sistematizar as discussões e avançar na construção da agenda foi a construção de uma árvore, onde o tronco representa aquilo que sustentará nossas ações; os galhos que representam as ações em si; as folhas, que são os resultados a curto prazo e os frutos, que são os impactos que pretendemos gerar. “Concluímos com a expectativa de sustentarmos juntas uma árvore-projeto frutífera e com longevidade”, disse Joyce.

Dona Elza dos Santos, liderança quilombola da comunidade da Vazante, contou que as ações do projeto serão importantes para que muitas mulheres se conscientizem sobre possíveis violências que podem estar sofrendo, já que o tema não costuma ser discutido em sua comunidade. “Diante do planejamento, vindo as discussões, muitas mulheres vão se conscientizar que estão passando por alguma violência doméstica, seja ela patrimonial, seja ela sexual, seja ela qual for, e ela vai tomar consciência que não deve ser dessa forma e que pode estar buscando um caminho para mudanças”, explicou.

Dona Carmelice Rosa da Silva ressaltou que considera estratégico realizar um planejamento coletivo onde as comunidades possam dialogar entre si. Afirmou ainda que sua expectativa é de que “as pessoas que participarem das ações de formação do projeto se tornem articuladoras em suas comunidades” para multiplicar os conhecimentos aprendidos e ajudar a organizar cada vez mais mulheres.

Naiara Leite, ativista e coordenadora executiva do Instituto Odara, também esteve na reunião de planejamento e aproveitou a ocasião para convocar as lideranças a se mobilizarem para a 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras, que ocorrerá em 2025. “A partir desse planejamento que fizemos hoje, nós temos condições de nos reunir com mulheres negras e quilombolas de outros territórios para aprofundar as nossas discussões e nos organizar rumo à marcha de 2025”, enfatizou.

Durante a reunião foram feitos alguns encaminhamentos de ações que podem ser realizadas a curto e médio prazo, dentre elas, a realização de rodas de conversa com as comunidades, a formação de novas lideranças, incentivo à independência financeira e autonomia das mulheres e formações para articular o debate entre a saúde, violência e direitos para mulheres negras.

Participaram da reunião ativistas das comunidades quilombolas de Olhos d’Aguinha, Vazante, Mucambo da Cachoeira, Vão das Palmeiras, Capão das Gamelas, Serra do Queimadão, Baixão Velho, Olhos d’Água do Basílio e Agreste.

Sobre o projeto

O Projeto Quilomba: Pela Vida das Mulheres Negras é uma proposta de incidência política no enfrentamento às violências contra as mulheres, construído junto às mulheres negras quilombolas do estado da Bahia. Temos em vista a realização de visitas e encontros comunitários em quilombos baianos, buscando intervir na situação de vulnerabilidade de mulheres negras que residem em regiões rurais, de difícil acesso e com baixa mobilidade, a partir da articulação de redes locais e interconectadas de cuidado e autocuidado.

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