Projeto de formação de jovens negras e negros do Instituto Odara realiza primeira oficina de Comunicação e recebe visita do Instituto Terre des Hommes
A ação é vinculada ao projeto Minha Mãe Não Dorme Enquanto Eu Não Chegar, que atua no fortalecimento de mães e familiares de vítimas do Estado nas periferias de Salvador
Redação Odara
O projeto Jovens Negros na Construção de uma Cultura de Paz e Acesso à Justiça realizou, na tarde da última quarta-feira (10), a primeira oficina de Comunicação do ciclo de formação política iniciado em novembro do ano passado.
A atividade aconteceu na Escola Estadual Governador Roberto Santos, no Cabula, em Salvador (BA), e contou com a presença de jovens que participam do projeto nos três territórios alcançados: Cabula, Nordeste de Amaralina e Subúrbio Ferroviário.
Durante a abertura, Naiara Leite, coordenadora executiva do Odara – Instituto da Mulher Negra, ressaltou que o projeto é um espaço para pensar sobre as dimensões da violência e dos direitos humanos nas comunidades, mas que também “é sobre a possibilidade de sonhar com a experiência de ser um jovem negro com a garantia do direito de ir e vir e de viver numa comunidade sem conflitos ou violações”.
O espaço foi facilitado por Alane Reis, Jamile Novaes e Joanna Bennus, integrantes do Programa de Comunicação do Instituto Odara, que introduziram os temas a serem discutidos nas próximas oficinas. A partir das dinâmicas realizadas pela equipe, os jovens demonstraram suas percepções sobre as representações de juventudes negras de suas comunidades nas mídias e discutiram sobre questões como direito à comunicação, sensacionalismo e fake news.
Gabriela Ramos, coordenadora do projeto Minha Mãe Não Dorme Enquanto Eu Não Chegar, lembrou que as mídias hegemônicas costumam reproduzir estereótipos negativos sobre a juventude negra e suas comunidades e que as oficinas ajudarão as e os jovens a vislumbrar outras possibilidades de representação. “A expectativa é que eles aprendam a instrumentalizar a comunicação em seu favor e em favor das suas comunidades e territórios”, afirmou.
Alane Reis, facilitadora da oficina e coordenadora do Programa de Comunicação do Odara, destacou que a comunicação é uma ferramenta que gera interesse em pessoas jovens e que pode ser utilizada para ajudar a formar cidadãos e disputar determinados espaços na sociedade. “Tratar de comunicação com esses jovens é importante também porque a comunicação é um espaço estratégico para a garantia de direitos e disputa de narrativas”, completou.
Após a oficina, Antônio Sousa, jovem de 28 anos do Subúrbio Ferroviário que atua no Movimento Sem Teto da Bahia e no Coletivo Incomode, ressaltou a importância do intercâmbio de conhecimentos realizados com jovens dos demais territórios: “Foi uma formação política para levar pra vida. Me abriu novos horizontes de como olhar para a sociedade a partir de outras perspectivas que não sejam só as do Subúrbio. Agora eu entendi também o que se passa nessas outras comunidades”.
Carlos Gabriel, 17 anos, morador do Cabula, também falou sobre os aprendizados que adquiriu através da troca de informações com outros jovens que, apesar de viver em comunidades distintas, compartilham de experiências parecidas. “Foi bom conversar com pessoas que sentem o mesmo que eu sinto na pele todos os dias nessa cidade, onde somos julgados e violados por sermos pretos”, disse.
As oficinas de comunicação seguirão acontecendo até o mês de junho nos três territórios onde o projeto atua. Além das aulas teóricas, as turmas irão desenvolver produtos de comunicação para apresentar ao final do ciclo formativo. Além de comunicação, durante os últimos meses o projeto também ofereceu oficinas de Teatro e Direitos Humanos.
As fotos da atividade estão disponíveis no Instagram do Instituto Odara.
Visita do Terre des Hommes
Durante a oficina estiveram presentes Luciana Pinto, Fabiana Kuriki e Gabriela Wichser, representantes do Terre des Hommes (TDH), organização apoiadora do projeto. Luciana, que representa a instituição no Brasil, explicou aos jovens sobre como o TDH funciona: “Nós apoiamos organizações da sociedade civil que atuam na defesa dos direitos das juventudes, como é o caso do Odara. Fortalecemos com conhecimentos e recursos financeiros, estabelecendo uma relação de parceria de forma horizontal e com aprendizados mútuos”, disse. Ela também comentou sobre a felicidade em poder participar de um momento de formação com a juventude negra e falou que durante a sua própria juventude não era comum ter espaços como esse.
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