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132 anos sem acesso ao STF e a indicação de Lula não deixa dúvidas: Nós, mulheres negras, estamos sobre nossa própria conta

Racismo e sexismo explícito é o que demonstra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao ignorar o grito que ecoava há meses no Brasil: A hora era AGORA! A sociedade quer uma mulher negra no Supremo Tribunal Federal (STF).

É fato que a decisão não foi uma surpresa pra nós. Há meses o presidente anunciava que raça e gênero não seriam condições para escolha do nome, e assim ele fez. Na segunda-feira (27), ignorando todo apelo popular e da sociedade civil, Lula indicou Flávio Dino ao STF e decepcionou quem acreditou na performance da rampa de posse, quem acreditou em seu compromisso com a superação do racismo e sexismo, mas nós não. Seguimos entendemos que a política partidária não é lugar de emoção, que os supostamente mais “bem intencionados” brancos antirracistas só vão surfar no ripe de explorar nossos corpos, signos e ideias, quando lhes for conveniente.

Quando eles dizem que raça e gênero não é critério, é o homem branco que assume. Questionamos então ao presidente Lula: Qual o critério para nomeação de um Ministro para uma casa que deve refletir a pluralidade e os interesses do povo brasileiro?

Só o racismo patriarcal explica uma história de 132 anos do STF sem jamais uma mulher negra compor essa casa. O mesmo racismo patriarcal que determinou a atual escolha do Presidente Lula.

Não foi por falta de aviso, tentativas de diálogos, de campanhas em veículos de comunicação, disponibilidade de listas de nomes de mulheres negras comprometidas com as causas sociais, raciais e de gênero aptas a ocupar essa cadeira. Lula é o presidente que mais fez indicações ao STF desde a redemocratização já foram 10 indicações para a Suprema Corte até aqui, não ache que uma faixa presidencial entregue por uma mulher negra nos convenceu do seu compromisso. Os discursos de igualdade sem ação política seguem acelerando o genocídio negro no Brasil.

Estamos aqui pra denunciar o desrespeito ao povo negro, especialmente às mulheres negras, e  lembrar da divida histórica que o Brasil tem conosco. Nós dos movimentos negros brasileiros elaboramos há décadas: Não há democracia sem participação pluriracial e equidade de gênero. Não há democracia com a escandalosa sub-representação das mulheres negras, maior grupo populacional do Brasil.

As mulheres negras estão aí, mobilizando suas famílias, comunidades, movimentos, partidos, mas que tipo de acordos são esses que nos fazem força motriz de construir processos, mas não nos garante espaços de representação política e tomada de decisão?

Quem é aliado, aliada, aliade das  mulheres negras na política brasileira? Em pleno novembro negro, a resposta do presidente Lula às nossas reivindicações reforça o que o racismo nos diz todos os dias: Estamos por nossa própria conta!

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