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“Lembrando Lélia Gonzalez” (1994) Luiza Bairros  

A ideia de abrir o “Espaço Griot” com o texto de Luiza Bairros, “Lembrando Lélia Gonzalez” (1994), vem carregada de muitos significados. Um deles,é o fato da autora reunir em um único documento um diálogo caro entre duas ícones da luta antirracista e antissexista no Brasil. As contribuições presentes na escrita dessas duas autoras, tão importantes para nós mulheres negras, é uma viagem que nos remete ao nosso protagonismo histórico, tanto em tempos livres de África, quanto de escravidão e modernidade.

 

Revisitar essa escrita se apresenta como um dever para com a ancestralidade — passada e futura, pois como bem nos lembra Luiza, Léliarepresentou a griot que conta histórias verdadeiras para seu povo. Abarcam questões etnicorraciais aliadas a gênero aos poucos resgatadasno Brasil,que desvelam o feminismo como um movimento de mulheres brancas, onde as negras eram quase sempre representadas de forma estereotipada como as agressivas, criadoras de caso.

 

Neste texto radiante, a militante negra e feminista que assim como Lélia,nunca se furtou à crítica aos MovimentosNegro e Feminista brasileiros, devido à dificuldade destes em reconhecer a diversidade interna ao movimento, desencadeiaas mais importantes propostas de atuação do Movimentode Mulheres Negras. Pois, conforme afirma Luiza, era Lélia a nossa porta voz deenunciação a vida do negro e de outros militantes negros/as para nossa história, contra o sexismo que ameaçava subordinar a participação de mulheres no interior do MNU, e o racismo que impedia nossa inserção plena no movimento de mulheres quando a maioria das militantes do MNU ainda não tinha uma elaboração mais aprofundada sobre a mulher negra.

 

Escrevendo sobre a situação social, política, econômica e cultural do país, e em especial sobre o processo de exclusão dos afro-descendentes, nos falava e ensinava não só para preservar, mas, principalmente, a resgatar as genealogias, as origens e as tradições de seu povo. Aspectos particularmente problemáticos na América Latina onde a maioria ameríndia e amefricanatende a ser excluída,demonstrando àquelas que estão nas margens, os múltiplos significados incorporados a nossa experiência na diáspora africana.

 

Tais contribuições se apresenta como um resgate da participação fundamental que Lélia teve na criação e ampliação do movimento negro brasileiro contemporâneo e de nossa trajetória de movimento de resistência no Brasil, para a superação da condição de exclusão em que fomos colocadas do ponto de vista histórico, político, social e econômico. Com isso Luiza parte de uma reflexão abrangente sobre o ponto de atuação e pensamento de Lélia Gonzalez, de maneira tal que nos permite penetrar nos mais variados temas que motivaram Lélia a fazer suas intervenções em diferentes momentos.

 

Luiza Helena de Bairros nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, mas transferiu-se para Salvador, Bahia ainda jovem, em 1979. Nesta ocasião começou a sua militância no Movimento Negro Unificado, assumindo em 1991 a coordenação nacional desta poderosa organização na luta antirracista na diáspora.Parte para o orum em 12/07/2016.

Confira texto completo: LEMBRANDO_LeLIA_GONZALEZ

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