Escola Beatriz Nascimento inicia seu primeiro ciclo de aulas presenciais no Alto das Pombas, em Salvador (BA)
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As aulas acontecem entre os meses de maio e julho; Nesta edição, as cursistas também realizarão ações de incidência política para o Julho das Pretas 2023
Redação Odara
A Escola de Ativismo e Formação Política para Mulheres Negras – Beatriz Nascimento (EBN) deu início à sua 5ª turma, que será a primeira a acontecer de forma presencial. A aula inaugural foi realizada na manhã do último sábado (6), na comunidade do Alto das Pombas, em Salvador (BA).
A turma é composta, em sua maioria, por mulheres negras lideranças comunitárias ou que fazem parte de organizações e/ou associações vinculadas aos movimentos sociais, sobretudo negros, de mulheres negras, LBT’s e outros. Nesta nova fase, a formação da EBN segue acontecendo em parceria com a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e agora também com o Grupo de Mulheres do Alto das Pombas (Grumap).
“Foram quarenta mulheres oriundas de vários bairros de Salvador e de várias organizações de mulheres, contando suas histórias, partilhando suas experiências e traçando metas para alcançarmos o Bem Viver”, relatou Silene Arcanja, coordenadora da Escola Beatriz Nascimento. Ela destacou ainda que o encontro foi marcado pela “memória das lutas daquelas que nos antecederam, como elo fortalecedor de nosso ativismo e das ações de nossa organização”.
Valdecir Nascimento, fundadora do Odara – Instituto da Mulher Negra, esteve presente na atividade e reafirmou o caráter formativo e combativo da EBN, no que diz respeito ao enfrentamento ao racismo: “Eu acredito que é preciso que a gente multiplique os espaços de formação para um entendimento da engenharia do que é o racismo e para o fortalecimento das nossas reações”.
Ela ressalta ainda que a Escola se constitui como um espaço que valoriza o cuidado entre as mulheres negras e a construção de uma sociedade de Bem Viver: “Fazer a formação da Escola é preparar as mulheres negras para desejar e inventar o Bem Viver. É também dizer às mulheres negras que a gente precisa se cuidar para cuidar. Quem não tem prática de se cuidar, como vai cuidar de outra pessoa?”, conclui Valdecir.
O Instituto Odara e a Grumap são organizações que dialogam e se articulam politicamente há muitos anos. A parceria para a realização das aulas presenciais da EBN é mais uma forma de fortalecer essa parceria e abrir os caminhos para promover a incidência política conjunta e organizada entre ambas as organizações.
“São aprendizados e formações de muitos anos. Pensar nessa parceria da Grumap com a Escola Beatriz Nascimento na Escola Tertuliano de Goes, é um projeto revolucionário É pensar nas incidências políticas nos lugares que a gente vem preservando e construindo o Bem Viver”, afirma Luciana Silveira, ativista da Grumap.
Dandara Baldez, capoeirista e cursista da EBN, afirmou concentrar suas expectativas nos aprendizados que serão adquiridos a partir da diversidade de mulheres presentes na turma. Ela acredita que, com a articulação das diferenças, nasce uma “política de afeto, amor e cuidado, principalmente se pensada em avançar na continuidade das nossas lutas”.
Raíssa Rocha, cursista de apenas 20 anos e integrante do projeto “Em Cantos de São Lázaro”, contou que Beatriz Nascimento sempre foi uma das suas grandes referências e que, inclusive, compartilha o mês de aniversário com a intelectual. “Me juntar com as minhas, unir forças, desaguar… é necessário. Tenho certeza que a Escola Beatriz Nascimento me proporcionará isso tudo, pois o primeiro encontro já foi esplendoroso”, disse, animada.
Liz Novaes é cursista da EBN, professora da rede municipal de Salvador e integrante do coletivo Nosso Quilombo em Itapuã, bairro de Salvador. Ela espera poder compartilhar as estratégias e formas de organização do movimento de mulheres negras com a sua comunidade. “Em Itapuã existe uma grande quantidade de iniciativas de mulheres, mas que não são geridas por elas. Então isso pra mim é muito crucial: estar nesse lugar, pensar essas estratégias, pensar a organização de mulheres e pensar essas gestões dentro dessas iniciativas”, afirmou.
A formação da 5ª turma da EBN acontece entre os meses de maio e julho. Os módulos vão explorar temas como Raça e Racismo; Violência Racial; Corpo, gêneros, sexualidades e suas configurações; Organização e Trajetória de Luta de Mulheres Negras; Saúde das Mulheres Negras; Políticas Públicas, Direitos Humanos e Controle social; e Direito ao território e a cidade. As cursistas também cumprirão uma carga horária de 15 horas de ações de incidência política na comunidade para integrar a agenda do Julho das Pretas 2023.
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