Projeto Ayomide Odara retoma formações presenciais com meninas e jovens negras em Salvador (BA)

As aulas seguirão acontecendo aos sábados com 75 meninas divididas em duas turmas; As Ayos de outras cidades participarão por meio de videochamada em tempo real

Redação Odara

Na manhã do último sábado (6), o projeto Ayomide Odara, do Odara – Instituto da Mulher Negra, realizou a aula inaugural de retomada das turmas presenciais, após alguns meses de atividades virtuais. O reencontro aconteceu na sede do Instituto Mídia Étnica e reuniu as Ayos, mães e responsáveis, e a equipe do projeto. Além das meninas que estavam no local, algumas participaram através de videochamada.

A atividade começou com uma dinâmica de valorização da memória, onde cada Ayo apresentou um objeto que faz lembrar do projeto. A viagem que fizeram para Maraú em 2021 foi muito recordada. Alguns dos objetos apresentados faziam referência ao afeto, apoio e aceitação que as meninas sentem no Ayomide. Em seguida foram apresentadas as novas integrantes da equipe do projeto, Lorena Cerqueira, que chegou para compor a coordenação e Ana Carolina Lima, estagiária.

Érika Francisca, coordenadora do projeto, lembra da importância do Ayomide enquanto um espaço de aquilombamento e formação para a incidência política das meninas. Ela destaca ainda que a retomada presencial demarca uma fase de ampliação dessa incidência política para outros estados, países e para toda a América Latina: “Para mostrar que as meninas negras também têm vez, têm voz e que elas falam por elas, não necessitam de outras pessoas falando e apresentando propostas sem a participação delas”.

As Ayos demonstraram que também têm as suas próprias expectativas para este ano. Débora Auana, de 17 anos, espera que todas as suas companheiras permaneçam na turma até o final do ano. Ela também planeja contribuir com a formação das demais: “Uma das minhas expectativas é dar uma aula, né? Uma oficina de poesia”.

Luanda Kaiala, de apenas 12 anos, está ansiosa pelas novas oportunidades e aprendizados que o Ayomide irá proporcionar, “para no futuro sermos ativistas negras e mulheres negras potentes que vamos estar em lugares onde nós podemos estar e que não nos permitem estar”. Madu Costa, também de 12 anos, deseja que durante este ano o projeto continue sendo um espaço “de compromisso, pertencimento, amor, união e muito respeito”.

As aulas do Ayomide seguirão acontecendo aos sábados, com 75 meninas divididas em duas turmas, de acordo com a idade: 9 a 13 (turma 1) e 14 a 18 anos (turma 2). O formato será híbrido, agregando também as que estão em outras cidades e territórios, que vão participar por videochamada em tempo real.

Amanda Silva Sá, de 12 anos, vive na Comunidade Quilombola do Agreste, em Seabra (BA), e participou da aula inaugural de forma virtual. Ela contou que ficou muito feliz em reencontrar as colegas e professoras e que está empolgada para as próximas aulas. “A minha expectativa para esse ano é que o Ayomide aborde novos temas e que outras meninas conheçam o quanto o Ayomide é maravilhoso”, disse Amanda.

No próximo sábado (13) as alunas da turma 2 participarão da Plenária de Juventudes Negras e Direito à Vida, também organizada pelo Instituto Odara. Amanda Oliveira, articuladora do Núcleo de Juventudes do Odara, destaca a importância de ter as Ayos participando de uma plenária como essa. Para ela, “o Ayomide é um projeto que tem uma projeção de juventude e formação política para juventude muito grandes”. 

Amanda também reforça o convite para que outros jovens participem da plenária: “Nós queremos a presença de toda juventude negra de Salvador e Região Metropolitana. De coletivos, comunidades, bairros… para que estejam com a gente trazendo seus debates, trazendo seus temas e suas inquietações”.