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Meninas do projeto Ayomide Odara discutem violência nas escolas e apresentam propostas de intervenção sobre o tema

Algumas das ações pensadas pelas Ayos serão realizadas durante o Julho das Pretas nas Escolas, agenda que irá compor a programação da 11ª edição do Julho das Pretas

Redação Odara

Durante todo o mês de maio, as meninas e jovens negras das duas turmas do projeto Ayomide Odara, do Odara – Instituto da Mulher Negra, tiveram oficinas e formações sobre violência no ambiente escolar, ministradas pelas professoras Adilma Rodrigues e Lorena Cerqueira.

No último sábado (27), as Ayos da Turma 1 (9 a 13 anos) apresentaram algumas propostas de intervenção para combater as múltiplas violências que acontecem, tanto em suas escolas, quanto em suas comunidades de formal geral.

Luanda Kaila, de 12 anos, pontuou que as oficinas e formações do projeto lhe ajudaram a ampliar a percepção sobre as formas de violência existentes. “Existem coisas pequenas que a gente não percebe, mas que são violências e podem levar muitas pessoas a desenvolverem problemas como depressão e ansiedade”, disse.

Dentre as estratégias presentes nas ideias apresentadas pelas meninas, muito se falou sobre o estímulo ao respeito e à gentileza, o não silenciamento diante de injustiças cometidas, atendimento psicológico contínuo nas unidades de ensino e a necessidade de estabelecer um diálogo respeitoso nos espaços de convivência. 

Madu Costa, de 12 anos, sugeriu que, ao menos uma vez por mês, as escolas realizem uma publicação em algum canal digital, com mensagens positivas para os estudantes. “Como a gente usa muito os meios digitais, poderíamos pensar em cards e textos com uma abordagem interessante para que as pessoas tenham interesse e leiam”, explicou.

Amanda Silva Sá, de 12 anos, vive na Comunidade Quilombola do Agreste, em Seabra (BA), e participa dos encontros de formação da Turma 1 de forma virtual. Sua proposta de intervenção é realizar uma roda de diálogo sobre educação antirracista em sua escola durante o Julho das Pretas nas Escolas, agenda que compõe o Julho das Pretas.

“Eu acho muito importante essa intervenção do Ayomide nas escolas. Não quero ninguém sendo racista, sofrendo bullying ou preconceito, então esse é o tema que proponho”, explicou Amanda.

As meninas da Turma 2 (de 14 a 19 anos) também vêm discutindo o assunto e, em breve, apresentarão suas ações para a agenda do Julho das Pretas nas Escolas. Suanne Miranda, de 15 anos, comentou que, com a onda de violência que tem atingido as escolas no Brasil, as oficinas e desenvolvimento das propostas de pacificação elaboradas nos encontros do Ayomide têm sido muito importantes. “A gente aprende a lidar com isso. Então é muito bom uma poder ensinar à outra como lidar, como debater e como não deixar que esse tipo de situação aconteça mais vezes”, afirmou.

Lorena Cerqueira, que também compõe a coordenação do projeto Ayomide Odara, conta que, embora os casos de violência no ambiente escolar tenham surgido com mais força nos últimos tempos, esse tipo de situação costuma ser relatada pelas meninas com frequência. “Elas trazem muitos relatos dessas relações de violência que têm intersecção de raça, gênero e sexualidade. Nossa proposta é fortalecê-las no processo de enfrentamento a essas violências e divulgar mecanismos de denúncia”, explica Lorena.

A professora Adilma contou que foi desafiador trabalhar com esse tema, mas que ao final os resultados foram muito positivos. “Foi muito legal ver que elas entenderam a mensagem e que, nas propostas que trouxeram, apresentaram força, vigor e a necessidade de uma luta comprometida de nós, mulheres negras, dentro dos espaços que convivemos”, afirmou Adilma, que também é Socióloga e Mestra em Geografia.

Além das intervenções contra a violência em suas respectivas escolas, as Ayos vêm produzindo uma série de vídeos sobre o tema. Confira no perfil @ayomide_odara  no Instagram.

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