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Aula Pública na UFRB marca um ano sem Tainara dos Santos, jovem quilombola desaparecida em Cachoeira (BA)

Jovem foi  vista pela última vez acompanhada por homens desconhecidos e pelo ex-marido, com quem teve um relacionamento marcado por brigas e agressões

Por Adriane Rocha | Redação Odara

No dia 09 de outubro de 2025, completa-se um ano do desaparecimento de Tainara dos Santos, jovem negra, quilombola, mãe de duas crianças e trancista da comunidade de Acutinga Montecho, em Cachoeira (BA). Para marcar a data e continuidade da incidência por justiça, familiares, organizações de mulheres negras, coletivos quilombolas e a comunidade acadêmica realizarão neste dia a  Aula Pública contra o machismo e o feminicídio: 1 ano sem Tainara dos Santos,  no auditório do Quarteirão Leite Alves da UFRB, em  Cachoeira, a partir das 9h.

Tainara foi vista pela última vez acompanhada por homens desconhecidos em uma lan house e, mais tarde, em uma praça, com o ex-marido, George Anderson Santos, com quem teve um relacionamento de seis anos, marcado por brigas e agressões. Meses antes do desaparecimento, Tainara chegou a registrar queixa contra ele, denunciando o relacionamento abusivo e as violências sofridas. 

Itamara Santos, irmã da jovem, destaca que um ano após o caso a dor é presença constante na vida da família.  “Está sendo muito difícil chegar a um ano sem minha irmã, tem sido muito doloroso. Mesmo assim, estamos tentando criar forças, fazendo terapia, nos apoiando umas nas outras. A cada vez que minha mãe precisa refazer o percurso até nossa comunidade, ela vem chorando no carro porque se lembra de Tainara. O sofrimento é imenso, mas não podemos deixar esse caso ser esquecido.”

No dia em que desapareceu, testemunhas relataram que George fez diferentes percursos com Tainara em seu carro. O agressor afirmou à família dela que no dia do desaparecimento a deixou em um posto de gasolina em uma região de Cachoeira conhecida como “KM 25”. Após essa declaração, o principal suspeito do feminicídio da jovem quilombola deu mais duas versões à polícia, e até hoje ela não foi encontrada.

Em março deste ano, foi realizada a audiência pública de instrução e julgamento do caso, além de atos públicos, representando mais um passo na luta por justiça por Tainara. Até o momento, não há informações sobre a data do júri, e a angústia da família permanece intensa, reforçando a urgência de respostas. George segue preso desde o desaparecimento da jovem, e permanece sob custódia. 

AULA PÚBLICA MARCA UM ANO DO CASO

A Aula Pública Contra o Machismo e o Feminicídio: 1 ano sem Tainara dos Santos tem como objetivo manter viva a memória de Tainara, cobrar respostas das autoridades e denunciar o descaso do Estado diante da vida das mulheres negras e quilombolas.

O ato é organizado pelo  Odara – Instituto da Mulher Negra, a ONG Tamo Juntas, o Coletivo Ângela Davis, em parceria com a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). 

A advogada Laina Crisóstomo, da organização Tamo Juntas, que atua como assistente de acusação no caso junto ao Ministério Público, ressaltou que o feminicídio de Tainara revela como a violência contra as mulheres é atravessada por fatores estruturais e pela omissão das instituições. Segundo ela, o assassinato expõe não apenas a falha na proteção, já que a vítima tinha medida protetiva de urgência desrespeitada, mas também o padrão de reiteradas violências que culminaram no crime.

“O caso de Tainara não é isolado, é parte de uma violência que tem atingido diversas mulheres, mas carrega um requinte de crueldade muito específico: o assassinato de uma mulher que era mãe, trancista, filha e cuja ausência do corpo impediu até mesmo o direito à despedida. Foi um crime com muitas qualificadoras, resultado de reiteradas violências, sendo o feminicídio o ápice delas”, afirma Laina.

Joyce Souza, coordenadora dos projetos de enfrentamento às violências de gênero e raça do Instituto Odara, destaca que a aula pública é fundamental para pressionar por justiça e ampliar a consciência coletiva sobre a violência contra mulheres. 

“É imprescindível marcar publicamente o um ano do desaparecimento de Tainara, para  pressionar o Judiciário a dar uma resposta que minimize a angústia de suas filhas, familiares e comunidade, e também para fortalecer a formação e disseminação de conhecimento sobre as violências contra as mulheres e o papel de cada agente: sociedade civil, família, comunidade e Estado, na prevenção e no enfrentamento. Nós temos batido na tecla da responsabilização do Estado, lembrando que é ano de Marcha das Mulheres Negras e o tema que colocamos na rua é Reparação e Bem Viver. É sobre Tainara, mas também sobre cada mulher de Cachoeira e da região, sobre cada mulher nesse país”, destacou a ativista do Odara. 

As inscrições para a Aula Pública Contra o Machismo e o Feminicídio: 1 ano sem Tainara dos Santos podem ser realizadas através do link: https://forms.gle/tGmhvD7avpG9NyM66 

SERVIÇO: 

O quê? Aula Pública Contra o Machismo e o Feminicídio: 1 ano sem Tainara dos Santos

Onde? Auditório do Quarteirão Leite Alves da UFRB, Cachoeira-BA

Quando?  09 de outubro de 2025-  A partir das 09h

Mais informações:  Joyce Souza (71) 9331-0442 – Instituto Odara | Adriane Rocha (71) 99962-7586 – Instituto Odara 

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