Grupo de Mulheres Negras Mãe Andresa realiza formação com professores e estudantes sobre a história e cultura negra, nas escolas do Maranhão
A partir do compromisso de repensar os passos que têm sido dados na educação no estado do Maranhão, nasce o Projeto Sankofa: Mulheres Negras Ressignificando a Prática Educacional. Idealizado pelo Grupo de Mulheres Negras Mãe Andresa, a iniciativa tem como objetivo central implementar uma prática pedagógica voltada para a valorização da história e cultura afrodescendente e a promoção da igualdade racial no ambiente escolar.
Ademas Galvão, ativista do Mãe Andressa, explica que a proposta principal é consolidar uma teoria educacional fundamentada no combate ao racismo, sexismo e diversas formas de intolerância. A iniciativa tem como base os objetivos do novo Plano Nacional de Educação (PNE), que está para ser aprovado e implementado no Brasil pelos próximos dez anos (2024-2034).
“Queremos ampliar a visibilidade, principalmente através da literatura negra e da pedagogia feminista, das contribuições históricas e culturais dos povos afrodescendentes, além de combater o racismo e as violações de direitos humanos dentro do ambiente escolar”, afirma Ademas.
A atuação do projeto está focada em dois territórios: no bairro Coroadinho, em São Luís, onde já foram realizadas formações no Centro Educa Mais Dorilene Silva Castro, e no Quilombo Rural Catucá, no município de Bacabal (MA), na Unidade Escolar de Ensino Fundamental Catucá, onde as formações estão previstas para o mês de novembro. Ambos os locais contam com populações majoritariamente negras, e o projeto se dedica a incluir tanto os estudantes quanto os docentes e suas respectivas comunidades nas atividades propostas. “Nosso envolvimento com a comunidade é essencial para garantir a relevância e eficácia do trabalho”, acrescenta a ativista.
Para Suzenny Dutra, professora de sociologia do Centro Educa Mais Dorilene Silva Castro, além de qualificar o trabalho da equipe de educadores, as formações atuaram como forma de estímulo para a revisão crítica das práticas pedagógicas e no conteúdo que deve ser trabalhado pelos educadores.
“O projeto nos ajudou a refletir sobre a importância de uma educação que combata o racismo dentro da escola e que valorize essa pluralidade cultural que temos. Além de avaliar como a Lei [10.639] tem sido aplicada dentro dos currículos, não pensar nesse debate só em datas específicas, mas com questões diárias que possam nos ajudar a transformar o ambiente escolar”, destacou a educadora.
INCIDÊNCIA POLÍTICA
O acompanhamento da aplicação da Lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas, também faz parte das ações do projeto. Por meio de pesquisas e debates nas unidades escolares, o projeto busca sensibilizar professores e gestores quanto à importância da lei, incentivando sua aplicação de forma prática no cotidiano escolar.
Para a realização do Projeto Sankofa: Mulheres Negras Ressignificando a Prática Educacional, o Grupo de Mulheres Negras Mãe Andresa contou com a parceria do Instituto Odara e da Rede de Mulheres Negras do Nordeste, por meio do Edital Maria Elza dos Santos – Movimento de Mulheres Negras do Nordeste pelo Direito à Educação. A parceria permitiu a implementação das ações que não apenas visam combater o racismo no ambiente escolar, mas também fomentar o sentimento de pertencimento entre os estudantes e a comunidade.
A relevância do Projeto Sankofa é inegável, tanto para as escolas quanto para as políticas públicas educacionais. “Estamos mostrando que a história e a cultura negra são essenciais para a formação da sociedade brasileira. Mais do que isso, estamos chamando a atenção para a urgência de políticas que efetivamente promovam a igualdade racial e enfrentem o racismo de maneira concreta”, conclui Ademas Galvão.
Saiba mais sobre essa e outras ações do Grupo de Mulheres Negras Mãe Andresa clicando aqui.
Comentários