Meninas e jovens negras levam reflexões sobre Bem Viver e Reparação histórica para escolas baianas durante o Julho das Pretas
O Julho das Pretas nas Escolas foi protagonizado pelas meninas do Projeto Ayomide Odara, e aconteceu em 22 espaços de ensino, em 7 municípios baianos
Em um movimento vibrante de empoderamento e conscientização, meninas e jovens do Projeto Ayomide Odara levaram para as escolas baianas reflexões sobre identidade, resistência e reparação histórica durante o Julho das Pretas nas Escolas 2023. A atividade fez parte da agenda da 11ª edição do Julho das Pretas, que neste ano teve como tema “Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver”.
A agenda, repleta de atividades que buscaram proporcionar diálogos, debates e oportunidades para construir caminhos de reparação e Bem Viver dentro do ambiente escolar, apresentou 44 atividades nas escolas dos estados: Amapá, Bahia, Piauí e Rio Grande do Norte. Dentre essas, 22 atividades foram realizadas pelo Projeto Ayomide Odara, do Odara – Instituto da Mulher Negra.
A coordenadora do projeto, Érika Francisca, explica que o Julho das Pretas nas Escolas possui uma importância significativa no contexto educacional e social. “É uma oportunidade única de promover reflexões e discussões em torno de questões relacionadas às mulheres negras e a luta contra o racismo dentro das instituições de ensino e na sociedade”, destaca Érika.
Érika acredita ainda que as atividades da agenda permitem que meninas e jovens negras se conectem com suas raízes culturais e entendam a importância de sua identidade e autoestima. “Temos aí a Lei 10.639/2003 e da Lei 11.645/2008, que exigem o ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena nos currículos escolares. Muitas vezes essas leis só são colocadas em prática em novembro, o Julho das Pretas é uma oportunidade de mostrar para os professores e coordenadores escolares que é necessário a abordagem da temática durante todo o ano. Para promover uma educação mais inclusiva e antirracista, contribuindo para a desconstrução de estereótipos e preconceitos.”
AYOMIDE ODARA PELA BAHIA
As ativistas, meninas e adolescentes do Projeto Ayomide Odara, realizaram ações do Julho das Pretas nas Escolas em 22 espaços educacionais, incluindo instituições de ensino e centros culturais, em 7 municípios baianos (Bonial, Candeias, Feira de Santana, Lauro de Freitas, Salvador, São Félix e Seabra), e atingiram de forma direta e indireta cerca de 1.230 pessoas (dentre elas: estudantes, educadores, responsáveis e a comunidade envolvida com os espaços educacionais).
Algumas das atividades da agenda foram realizadas em escolas de comunidades quilombolas da Bahia. O que, para Dai Costa, coordenadora pedagógica do Ayomide Odara, proporciona um espaço de valorização e fortalecimento da identidade da comunidade como um todo. “O Julho das Pretas nas Escolas destaca o protagonismo das mulheres negras, ressaltando suas lutas, conquistas e contribuições para a comunidade quilombola. Isso ajuda a combater o racismo, o machismo e outras formas de discriminação que afetam essas meninas, adolescentes e mulheres”, afirma Dai.
A pedagoga explica também que a realização do Julho das Pretas nas Escolas só acontece por conta da articulação das meninas e adolescentes que participam do Ayomide Odara em suas comunidades e municípios. “É bonito ver como as meninas estão empenhadas e afiadas para que a gente chegasse nas escolas e tratasse sobre a temática. Na maioria das escolas, os estudantes já conheciam a gente, por conta dos relatos levados pelas Ayos. A parceria com os municípios foi fundamental, muitos gestores se colocaram à disposição para atividades futuras. Foi um movimento lindo!”
Laila Vitória, jovem Ayomide, foi mobilizadora da atividade “Juventudes Negras, problemáticas sociais e reparação”, no Colégio Georgina Soares Nascimento, localizado em Feira de Santana (BA), e conta que mobilizar os colegas lhe despertou sentimento de pertencimento e propósito. “Foi muito gratificante após o evento os meus colegas perceberem que a proposta do Julho das Pretas é algo sério, e que eu sou também uma agente de mudança e transformação em nossa comunidade escolar. Foi muito mais do que um simples evento, foi uma oportunidade de impactar positivamente a vida de seus colegas e comunidade.”
MENINAS E ADOLESCENTES EM MARCHA
No dia 25 de julho, quando celebramos o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, e o Dia de Tereza de Benguela, foi realizada a “Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver”, em Salvador, e as Ayomides Odara marcaram presença, levando seus cartazes e intervenções. Demonstrando o engajamento e o compromisso das meninas do projeto com a luta por direitos, igualdade e justiça social para as mulheres negras e a população afrodescendente.
A ayo Suane Miranda acredita que a presença e a voz das mulheres negras são fundamentais para a luta contra o racismo, o machismo e outras formas de discriminação. “A gente quer que muitas outras meninas e mulheres negras estejam com a gente nessa caminhada, para que a gente possa conseguir incidir mais politicamente e levar a nossa identidade, nossa raça, nossa pele, para todos os lugares.”
O Julho das Pretas na Escola aborda temas sensíveis que podem contribuir para uma educação mais diversa, plural e consciente, formando cidadãos engajados e conscientes de seus direitos e responsabilidades sociais.
Abaixo a lista de escolas que participaram do Julho das Pretas nas Escolas, a partir do Projeto Ayomide Odara:
Região da Chapada Diamantina
Boninal
– Centro Educacional Arquimedes de Almeida
– Colégio Municipal do Cedro
– Escola Municipal Manoel Marcelino Matos
– Escola Municipal Ângelo José Benigno
– Centro Educacional de Boninal
– Colégio Estadual Rui Barbosa
– Escola Dois de Julho
Seabra
– Colégio Estadual Filinto Justiniano Bastos
– Escola Municipal Febrônio Pereira Rocha dos Santos
Região Portal do Sertão
Feira de Santana
– Colégio Estadual Georgina Soares Nascimento
– Colégio Estadual do Campo Maria Quitéria
Região do Recôncavo Baiano
São Félix
– Centro Cultural Américo Simas
Região Metropolitana de Salvador
Salvador
– Colégio da Polícia Militar (unidade Lobato)
– Colégio Estadual Marileine da Silva
– Escola Municipal Maria Constança
– Escola Império do Saber
– Centro Estadual de Educação, Inovação e Formação da Bahia Mãe Stella (Ceeinfor)
– Escola Estadual João Caribé
– Colégio Estadual Manoel Devoto
Lauro de Freitas
– Centro Educacional Conhecimento
Candeias
– Centro Educacional Gisella Tygel
– Colégio Municipal Professor José Dasio de Souza
Comentários