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Meninas negras do Ayomide Odara participam de Programa de Formação da Universidade da Geórgia – EUA, junto com meninas negras estadunidenses

O projeto visa a promoção do acesso à tecnologia como estratégia de conservação da memória, e tem foco em cidades negras como Atlanta e Nova Orleans, nos Estados Unidos, e Salvador, na Bahia

Redação Odara

Entre os meses de Junho e Julho, o Odara – Instituto da Mulher Negra, em parceria com a Universidade do estado da Georgia, nos Estados Unidos, e o Instituto Unibanco, promoveu o acesso de três meninas negras da turma presencial do projeto Ayomide Odara, no Programa de Formação Guardians of Heritage (Guardiãs do Patrimônio), junto a meninas negras estadunidenses de Africatown, no Alabama; Atlanta, na Geórgia; San José, na Califórnia; Nova Orleans, na Louisina; Baltimore, em Maryland; e Chicago, em Illionois.

No período, Laila Vitória, de 16 anos, Flávia Dias, de 18, e Mileide Alves, de 18, participaram do programa cuja tradução significa Guardiãs do Patrimônio – um curso de formação que orientou as meninas a estudarem sobre a história de seus territórios, pensando o patrimônio e a cultura local, e como o uso das tecnologias pode preservar as memórias de lutas e resistências de seus povos. O curso também estimulou as meninas a refletirem sobre suas comunidades, os problemas, as boas experiências, e como a ancestralidade e as condições sociais atravessam suas vidas enquanto jovens negras nestas diferentes cidades da diáspora africana.

A partir dessas reflexões, as jovens produziram, individualmente, um projeto de aplicativo com objetivo de colaborar com a melhoria social de suas comunidades. Flavia Liliane, moradora do município de Cachoeira, no Recôncavo da Bahia, conta que se pensar como Guardião da Memória é saber-se como “uma mulher negra com conhecimento, história, foco, determinação e mostrando que nada é impossível”. Flávia produziu um aplicativo pensando na preservação da cultura e história de sua cidade, marcada pela ancestralidade e memória. Ela deixa registrado que o Projeto expandiu seus horizontes e a fez imaginar novas possibilidades de mundo, de fazer, de saber e de viver.

Doutora Joyce King, proponente do Programa Guardians of Heritage, é Reitora Emérita da Spelman College e Professora de Estudos de Políticas Educacionais na Georgia State University. Ela fala com entusiasmo sobre as trocas com as jovens do Ayomide e a expectativa para o futuro da parceria: “Estamos projetando experiências que permitirão aos jovens participantes do programa Guardiões do Patrimônio compartilhar suas investigações sobre suas comunidades de origem. Esse é um dos objetivos do nosso programa. Esperamos que as meninas do Brasil e dos EUA continuem aprendendo juntas no Songhoy Princess Club, que é a próxima fase do nosso trabalho colaborativo”. Joyce acompanhou todo o processo formativo do Projeto e espera seguir em diálogo com o Instituto Odara para mais parcerias e trocas.

A coordenadora do Projeto Ayomide Odara, Erika Francisca, aponta os desafios do processo de formação, como a falta de domínio das meninas baianas com a língua inglesa e a dificuldade de acesso a bons equipamentos de tecnologia para o desenvolvimento qualificado da formação. Ainda assim, ela fala com animação sobre as próximas etapas a serem realizadas no projeto, que serão as visitas técnicas com historiadoras locais em Salvador em e em Cachoeira, para dialogar sobre a importância da preservação do patrimônio e a relação com as resistências negras nestas duas cidades.

“Estarmos em parceria com o Instituto Unibanco e a Universidade de Atlanta nos possibilita novos horizontes em questão etnico-racial e nos fortalece para atuar enquanto ativistas em Educação, buscando melhoria da educação pública no Brasil a partir das trocas com as instituições citadas”, comenta Érika.

Laila Vitória fala empolgada sobre as expectativas para o segundo momento do programa e avalia muito bem todo o processo. Ela idealizou um aplicativo contando a história do Ayomide Odara, mostrando que é fã de carteirinha do projeto: “A experiência do curso foi incrível, eu sei que vou poder compartilhar com todos o meu aprendizado, eu me sinto uma pessoa incrível fazendo parte disso”.

Mileide Alves também fala da participação no programa com empolgação e afirma: “A gente aprendeu muito sobre raça, sobre a luta por nossos direitos e também sobre compromisso. Me senti super bem, aprendendo e me desenvolvendo”. O projeto de aplicativo desenvolvido por Mileide tem por objetivo ajudar no combate à violência contra mulher.

Para o Instituto Unibanco, apoiador do projeto, “criar pontes para fortalecimento da equidade racial na Educação é fundamental. Além disso, apoiar o Instituto Odara na implementação dessa iniciativa no Brasil amplia nossa rede de parcerias promotoras de equidade racial na educação”.

Caminhando para a segunda fase do Projeto, nós do Instituto Odara, seguimos empolgadas com as trocas que virão. Estamos sempre de portas abertas para receber, acolher e trilhar caminhos novos.

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