Projeto Minha Mãe Não Dorme Enquanto Eu Não Chegar realiza planejamento anual junto às mulheres do bairro do Uruguai, em Salvador (BA)
O encontro aconteceu na última terça-feira (22), no Espaço Cultural Alagados
Por Jamile Novaes | Redação Odara
A equipe do Projeto Minha Mãe Não Dorme Enquanto Eu Não Chegar esteve no Espaço Cultural Alagados, no bairro do Uruguai, em Salvador (BA), na última terça-feira (22) para elaborar o planejamento anual das atividades que serão realizadas na comunidade. O espaço abriga a sede do Centro de Arte e Meio Ambiente (CAMA), parceiro institucional do projeto.
O encontro contou com a presença do Coral Mulheres de Alagados, grupo de mulheres da terceira idade que faz parte do programa de direitos humanos do CAMA e compõe o núcleo do projeto Minha Mãe Não Dorme na comunidade.
“O coral já existe há seis anos e a gente tem como parceiro o Odara – Instituto da Mulher Negra. Há mais de cinco anos a gente tem essa parceria também com outras atividades que já realizamos, como o Julho das Pretas, as rodas de diálogo com vários temas e trocas de vivências”, explicou Andreia Araújo, coordenadora geral do CAMA.
Como de costume, o planejamento iniciou com as mulheres falando sobre as suas expectativas e apresentando proposições de ações que pretendem desenvolver ao longo do ano. As mulheres sinalizaram o desejo de dar continuidade ao coral e aumentar a frequência dos encontros e apontaram a importância do coral em suas vidas, afirmando que os ensaios e demais atividades realizadas proporcionam um espaço de acolhimento e elevam a autoestima. Falaram ainda sobre o reparo e aquisição de equipamentos necessários para garantir a infraestrutura necessária para seguir com as ações presenciais e remotas do coral.
“Essa vivência do coral é um conforto espiritual”
Maria do Amparo, integrante do coral.
Uma das necessidades apontadas pelas mulheres para 2022, foi a realização de oficinas de letramento, já que algumas delas têm dificuldade com escrita e leitura, o que dificulta o acesso às letras das músicas. Também foi falado sobre oficinas de expressão corporal para melhorar as apresentações públicas.
Durante a atividade, as mulheres expressaram o desejo de continuar com as vivências e atividades externas que aconteciam antes da pandemia de Covid-19. Elas ressaltaram que os passeios e apresentações em outros espaços são importantes para que possam conhecer lugares, trocar saberes e experiências, além de fortalecer os vínculos entre elas.
“A gente mora aqui em Salvador mas não conhece a cidade. Os turistas chegam e conhecem mais que a gente”
Maria Lima, integrante do coral.
A formação em questões sociais também é uma preocupação existente entre as Mulheres de Alagados. Para lidar com essa demanda, sugeriram rodas de conversa mensais sobre saúde da mulher, educação, meio ambiente, racismo estrutural e ambiental, feminicídio, acesso a direitos, auto cuidado e genocídio da população negra, principalmente contra a juventude negra.
Para Elza Cândida, uma das integrantes do coral, “nós, mulheres negras, somos o grupo mais violentado em tudo, então temos necessidade de ter orientação sobre tudo isso, para nos empoderarmos e nos livrar dessas violências”.
Pensando no enfrentamento às violências físicas e psicológicas às quais as mulheres são submetidas, sobretudo no ambiente domiciliar, e aos problemas psicossomáticos gerados pelo confinamento e preocupações relacionadas à pandemia, foi apontada a necessidade de também promover oficinas de autocuidado e acompanhamento psicológico durante o ano.
Todas as demandas e sugestões apresentadas foram sistematizadas no planejamento, com a definição de prazos, nomes das respectivas responsáveis por viabilizar as ações e meios para a execução de todas as propostas colocadas. O acompanhamento será feito pela coordenação do Minha Mãe Não Dorme Enquanto Eu Não Chegar, que também será responsável por dar suporte necessário para que todo o cronograma seja cumprido até dezembro.
Gabriela Ramos, técnica do projeto, afirmou estar cheia de boas expectativas em relação às ações que foram planejadas: “Elas estão muito ansiosas para retomar as atividades presenciais após dois anos de pandemia. Trouxeram muitas propostas e anseios, e isso é bom, porque significa que boas coisas serão realizadas”.
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