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Coluna Beatriz Nascimento #13 – 3ª Temporada: Silvânia Cerqueira 

Sobre Acreditar e Desamortecer

Dizem por aí, que sou da geração tombamento

Demorei muito para entender, mas não  me demorei em não acreditar na potência que somos.

Neguei a crença nos elogios, por não ser padrão.

Firmei pacto  com a desconfiança de não ter habilidades

É que a gente se acostuma ao não afago.

Se acostuma a aceitar toda estrutura racista da autossabotagem, de não querer ver que sim, cada passo não dado é  rendê-se a ele, o sétimo racista. 

Quando chega o elogio a gente não se acostuma

Tô tentando me acostumar aos elogios.

A gente acostuma todos os dias dialogar com paredes surdas o quanto tudo em nós a de ser amado, movemos as mãos reconhecendo a textura, texturas presente no corpo, o toque volta a se fazer presente, o movimento despretensioso e afetuoso do auto amor move cada vértebra, acordamos, negamos o banzo, cuspimos em vocês esse banzo ensurdecedor, cuspindo as palavras não  mais engasgada pelo racismo, pois cada corpo que se move avança carregado de vozes …

Borboletas, búfalas, que ecoam palavras de Lélia, territórios políticos que avançam ecoando o quilombo de agora, acordando as memórias  ancestrais de Beatriz Nascimento, não  sei se posso chamar de Bia, mas ouso afirmar tal intimidade, a mesma intimidade que as minhas mãos ao tocarem os fios de meus cabelos, a mesma intimidade que move meu corpo, esses quilômetros vivos, vinda de ventres esquecidos, de Luciene, minha mãe.

*Silvânia Cerqueira é filha de Luciene Cerqueira, tem mestrado em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia 2021-2023,doutorando em Difusão  do Conhecimento ( UFBA),Silvania Cerqueira nasceu na cidade de Valente (BA).

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