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Coluna Beatriz Nascimento #4 – 2ª Temporada: Juliana Monique

Durante os meses de maio a julho, veremos por aqui,  a 2ª edição da Coluna Beatriz Nascimento: uma exposição de produtos e pensamentos das mulheres participantes da 4ª Turma da Escola de Ativismo e Formação Política para Mulheres Negras – Beatriz Nascimento. E o quarto produto desta temporada, é um poema chamado “Um canto para Beatriz”, produzido por Juliana Monique.

A seguir, veja o poema na íntegra.

Um Canto para Beatriz 

Um trovão rompe o céu, 

Sinal de que as chuvas irão lavar 

o corpo e alma 

Da mulher sentada 

Sua pele reluz, nas 

estrelas que brilham. 

Aquela mulher, na sua arte 

de fiar o futuro, 

Anuncia que é tempo 

de aquilombar. 

Não esse quilombo de junção 

de negros fugidos. 

Mas o Kilombo que grita 

a vida coletiva, 

Que resguarda a cultura, 

a história e a ancestralidade. 

Que o silêncio não pode apagar.

É aquele que sabe 

Nossos passos vieram de longe. 

Ninguém solta mão de ninguém, 

Mas também não permite 

que o pacto de nós matar 

se estabeleça. 

Combinamos de estar juntas, 

Combinamos de nunca soltar. 

Combinamos de não morrer. 

E não morreremos. 

Estaremos vivas, 

Pelas vozes de nossas 

mais novas. 

Assim como essa ancestral e 

sua arte de encantar a história. 

Segue Beatriz, 

teu legado está conosco. 

É refrigério nesta aflição 

desmedida. 

Tu que nos permite falar 

pelas escritas insubmissas. 

Que na arte de se organizar, 

sabes que mulheres negras

enfrentam o mundo. 

Fazendo que a insubmissão 

seja nosso símbolo maior.

Erguendo-se num exército

de fiandeiras que anuncia

o futuro que virá. 

Aos nossos mais novos, 

Diremos que é tempo 

de aquilombar, 

mergulhar nos pensamentos 

de mulheres negras

Apropriar-se das tecnologias, 

De se organizar, 

para que nenhuma fique para trás. 

Venham todas comunicar 

nossas incidências políticas, 

na política de ser 

uma mulher negra 

que pensa o passado 

e presente, 

mas sobretudo aponta 

o caminho do futuro. 

Quem é Juliana Monique? 

Juliana  Monique é administradora (CRA 28236). Mestra em Educação e Contemporaneidade pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB.   Educadora. Artista (DRT/BA 10.176) e Produtora cultural. Licencianda em Teatro pela Universidade Federal da Bahia – UFBA, e técnica em formação de atriz pela Sitorne Studios de Artes.  

Professora da Rede Estadual de Educação Profissional da Bahia, Fábrica Cultural e ODEART (Coletivo Cabuleiras). e Co-gestora da SouZ Empreendimentos. Co-Diretora da Companhia de Artes Elementos. Educadora e Mentora do Programa ACELERA IAÔ. Professora-Formadora do Ubuntu – Programa de Estudos em Base Africana (FACED/UFBA). 

Idealizadora e diretora de produção do ÌYAS – Festival de Arte de Mulheres Negras. Coordenadora de produção da Pele Negra – Escola de Teatro (s) Preto (s)  Produtora Executiva dos festivais: AFROARTE – Festival de Arte de Camaçari, Festival de Artes Elementos e do Que Mata Escura É Essa, dos projetos SOBEJO- Porque ainda é preciso gritar, SOBEJO: processo indeferido, Awon Omodé – Afroperspectivas para uma infância plural. Escritora dos livros infantis Candace Luena, A Mãe de Ayó e em coautoria com Cláudio Nyack Os Aprendizados de Dila.

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