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Rede de Mulheres Negras do Nordeste faz encontro com o Movimento de Mulheres Negras do Piauí

Ação marca o aniversário das Ayabás – Instituto da Mulher Negra do Piauí e faz parte do cronograma de reuniões presenciais da Rede Nordeste com movimentos de mulheres negras da Região

Redação Odara

Na tarde da última sexta-feira (9), cerca de 50 mulheres do Movimento de Mulheres Negras do Piauí estiveram presentes no Memorial Esperança Garcia, no Centro Sul de Teresina (PI), para uma reunião de articulação política e múltiplas celebrações: foi dia de celebrar o aniversário de 13 anos do Instituto Ayabás; e o encontro presencial da Rede de Mulheres Negras do Nordeste com as mulheres negras do Piauí.

A atividade se iniciou com uma fala de abertura das fundadoras do Instituto Ayabás sobre as motivações de criação da organização no dia 6 de setembro de 2009, Dia Estadual da Consciência Negra, em homenagem a Esperança Garcia – ícone da luta abolicionista no estado e do Brasil, ainda no século XVIII. “Nós combinamos com vários grupos de Teresina para irmos para a Praça do Centro da cidade para distribuição de panfletos de sensibilização das pessoas de Teresina sobre o racismo e machismo. Das diversas organizações de movimento negro do estado, só apareceram 6 pessoas, e durante a panfletagem decidimos criar as Ayabás, para articular as mulheres pretas do estado”, lembra Halda Regina, professora, cofundadora do Instituto e membra da atual coordenação da Rede de Mulheres Negras do Nordeste.

Sônia Terra, da Rede de Mulheres Negras do Piauí, destaca que as mulheres negras do estado sempre estiveram presentes na construção do Movimento de Mulheres Negras do Brasil. “Poderíamos não ser de organizações de mulheres negras, mas éramos mulheres do Movimento Negro e sabíamos da importância de nos organizar a partir do lugar de raça e gênero”. Sônia, que é Jornalista, destaca a importância de divulgar as memórias de luta para auto estima e avanço das pautas do movimento. Ela ainda comentou sobre como a noção de território na Região Nordeste centralizou as pautas e formas de organização. “Sabíamos da importância e especificidade de como o racismo e o sexismo nos atacava enquanto mulheres negras do Nordeste”, conclui.

Naiara Leite, Coordenadora Executiva do Odara – Instituto da Mulher Negra, organização que também faz parte da Coordenação da Rede Nordeste, fez menção à fala de Sônia sobre a importância da memória e contou das motivações de criação da Rede de Mulheres Negras do Nordeste, em 2013. “Surgimos inspiradas na organização histórica dos movimentos negros do Norte e Nordeste, e queríamos de demarcar que as Mulheres Negras precisavam ser incluídas na nova ordem que se instaurava no Brasil na época. E ao longo de quase 10 anos nossa incidência política tem sido a partir do afeto, da escuta, da realidade social do Nordeste”.

Naiara fez um resgate dos momentos mais importantes da Rede e quais pautas políticas estamos encampando: “Somos nós que pautamos nosso direito à vida, o Nordeste é a Região onde se mais mata mulheres e jovens negras e negros. Somos nós que falamos das formas absurdas de morte materna, de morte em decorrência de abortos inseguros, da sub-representação política”. Naiara ainda destacou que os movimentos de mulheres negras da Região Nordeste precisa aliançar estratégias de enfrentamento os altos índices de violência doméstica e feminicídio no estado do Piauí.

As representantes da Coordenação da Rede Nordeste compartilharam durante o encontro que a agenda de Encontros Estaduais com os movimentos de mulheres negras da região tem por objetivo fortalecer a articulação das mulheres negras do Nordeste. “Queremos todas vocês na Rede de Mulheres Negras do Nordeste”, conclui Naiara. O Piauí é o segundo estado da região que recebe a visita da Coordenação da Rede, até outubro deste ano a coordenação visitará todos os estados, sendo que o próximo destino é Fortaleza, com encontro marcado para o próximo domingo (11). A série de encontros estaduais faz parte de um projeto do Insituto Odara, com apoio da ONU Mulheres.

O encontro ainda contou com a Programação Cultural de apresentação das cantoras Fátima Zumbê, Alice Wonder e Ellen Maria; da dançarina Chiquinha Aguiar; do Grupo de Cultura Afro Ijexá; e do Bloco Afro Coisa de Nêgo; e a saudação e acolhimento de Mãe Joelfa.

Estiveram presentes nesse encontro, mulheres negras representantes das Ayabás; da Rede de Mulheres Negras do Piauí; da Rede de Mulheres Negras do Nordeste; do Odara – Instituto da Mulher Negra; da Abayomi – Instituto da Mulher Negra na Paraíba; da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB); do Movimento Negro Unificado (MNU – PI); Agentes da Pastoral de Negros e Negras (APNs); da Frente Popular de Mulheres contra o Feminicídio; Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB – Pi); Coletivo de Mulheres da Guia; Associação de Prostitutas do Piauí (APROST); Trupe de Mulheres  Esperança Garcia; e Coordenação de Mulheres da FETAG/PI

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