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Sob o comando da polícia de Jerônimo, a pena de morte é institucionalizada e a certidão de óbito dispensa e antecede a confirmação da suspeita

Sob o comando da polícia de Jerônimo, a pena de morte é institucionalizada e a certidão de óbito dispensa e antecede a confirmação da suspeita

Por Redação Odara 

Na última  sexta-feira, 7 de novembro, não teve “sextou” para os moradores da Santa Cruz, no Complexo do Nordeste de Amaralina, em Salvador,  mas sobrou tensão e angústia durante as várias horas que durou a operação realizada com o intuito de localizar os suspeitos de terem sequestrado a nutricionista Tâmara Ferreira no último dia 06 e posteriormente encontrada. 

Sob as lentes de mídias locais, a exemplo da União Notícias e Nordeste Eu Sou, que realizaram lives durante toda a ação, a polícia militar protagonizou cenas de truculência direcionadas a populares, familiares e advogados que, apreensivos, buscavam informações sobre a “operação”. 

Em determinado momento da gravação, a movimentação dos agentes anunciaram o desfecho, visto que sacos pretos foram jogados para dentro da casa em que os suspeitos se encontravam. Após, policiais comuns e do Batalhão de Operações Especiais – BOPE obrigaram as pessoas presentes a se afastarem, inclusive os representantes da mídia, mas ao fundo e sob os gritos de desespero dos familiares, ainda foi possível ver pelo menos um corpo ser removido já sem vida, dentro de um saco preto, colocando em xeque a versão da Secretaria de Segurança Pública da Bahia, que se manifestou no sentido de que cinco suspeitos ficaram feridos e, socorridos para o Hospital Geral do Estado – HGE, não resistiram.

Num país que se diz democrático, onde o direito à vida deveria estar acima de qualquer suspeita, a polícia militar matou quatro pessoas durante uma operação que buscava “suspeitos” de um sequestro.

Contudo, o fato que deveria nos causar escândalo, se torna mais um episódio que reafirma a política de morte empreendida em territórios periféricos de Salvador, pois se trata de alvos negros e pobres, residentes do Complexo do Nordeste de Amaralina. 

Após uma semana do massacre ocorrido nos Complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, o Nordeste de Amaralina, em Salvador, assiste a mais uma chacina e, aqui, o que se questiona não é o direito estatal de buscar a resolução de crimes, tampouco a responsabilização daqueles que, após o devido processo legal, saiba-se culpados, mas o fato de que, em se tratando de determinados sujeitos e territórios, uma suspeita é considerada motivação idônea para que se realize operações que na maioria das vezes resultam em mortes normalizadas pelo governo supostamente de esquerda e progressista que há 18 anos executa o genocídio do povo negro, entregue em pequenas, mas contínuas parcelas, que não passam desperbecidas a olhos atentos e, juntas, equivalem, quando não superam a violência das megaoperações. 

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