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Tecendo Memórias e Histórias: Meninas e Jovens dos Projetos Ayomide Odara e Escola Beatriz Nascimento participam de atividades presenciais em Salvador (BA) e Seabra (BA)

Meninas, adolescentes e jovens negras integrantes do projeto Ayomide Odara e da Escola de Ativismo e Formação Política Beatriz Nascimento (EBN) participaram, em junho, do primeiro ciclo de encontros presenciais. O encontro inaugural ocorreu nas cidades de Seabra, no território da Chapada Diamantina, e em Salvador.

Em Seabra, a atividade aconteceu no dia 7 de junho,  durante a Caravana de Mobilização da Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver,  realizada no Instituto Federal da Bahia (IFBA). A Caravana é mais uma etapa de mobilização rumo à Marcha das Mulheres Negras, que acontecerá em 25 de novembro de 2025, em Brasília (DF).

Ao longo do dia, as Ayomides e as cursistas da EBN, provenientes das comunidades quilombolas, como Agreste, Cutia, Vão das Palmeiras, Basílio, Vazante, Conceição, Bateias, Baixão Velho, Cerca de Pedra, Olhos d’Águinha e Mulungu, se reuniram para fortalecer a luta contra o racismo, pela Reparação Histórica e pelo Bem Viver. Além de participarem das mesas de mobilização da Marcha, as jovens também se envolveram em atividades exclusivas para elas.

As Ayomides, meninas de 8 a 13 anos, participaram de uma oficina de comunicação com as ativistas do Instituto Odara, Lissandra Pedreira e Brenda Gomes, que destacou a importância da comunicação para fortalecer a atuação política das meninas em seus territórios. “Por meio das oficinas de comunicação, elas aprendem a usar essa prática como um meio de divulgar outras narrativas sobre suas comunidades, tornando visíveis as histórias que muitas vezes são silenciadas. Isso permite que deixem um registro permanente da história de seus territórios, ajudando a quebrar estereótipos e a afirmar suas identidades na história”, destacou a também comunicadora. 

A turma da EBN, com meninas entre 14 e 18 anos, participou de uma Oficina de Slam, uma batalha de poesias que exige criatividade. Mariah Santos, 13 anos, de Boninal, compartilhou: “Foi muito legal, porque melhoramos nossa fala, perdemos a vergonha e aprendemos a falar em público. Adorei os produtos e a oportunidade de trabalhar com pessoas com quem não temos tanta intimidade. O mais importante foi estar todas juntas, podendo expressar nossas opiniões.” 

MENINAS NEGRAS DE SALVADOR EM MARCHA 

Os encontros das turmas de Salvador ocorreram no dia 14 de junho e repetiram o sucesso das oficinas de Comunicação, além de promoverem uma imersão artística pela cidade.

As meninas do projeto Ayomide participaram de uma Oficina de Comunicação com as ativistas do Odara, Adriane Rocha e Joanna Benus, que as prepararam para a live de lançamento da revista “Ayo-me-de Notícias”, criada pelas próprias meninas em parceria com o Programa de Comunicação do Odara. A live será parte da programação do Julho das Pretas 2025.

Maria Beatriz Almeida Ramos, 12 anos, moradora de Salvador, ficou empolgada durante o encontro. “Gostei muito, discutimos vários assuntos que nunca tinha falado antes, nem em casa nem na escola. O tema que mais me impressionou foi a Marcha das Mulheres Negras. Eu não sabia que existia e aprendi que são as mulheres negras que organizam tudo. Achei muito forte!”

O tema da memória, tão presente na construção da Marcha das Mulheres Negras, foi central no encontro das cursistas da Escola Beatriz Nascimento. A memória não é apenas uma recordação do passado, mas uma forma de resistir, de contar as histórias que o sistema tenta apagar. Nesse sentido, as meninas participaram de uma visita guiada ao Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC Bahia), onde discutiram conceitos sobre arte, identidade e pertencimento. Essas discussões foram fundamentais para as jovens refletirem sobre como a arte pode ser uma importante ferramenta de visibilidade e resistência, especialmente em um contexto onde suas histórias, muitas vezes, não têm espaço na narrativa oficial. Ao final, elas participaram da Oficina de “Tecendo Memórias”, que as convidou a olhar para suas próprias histórias, para suas raízes, e a conectá-las ao movimento de reparação histórica.]

O processo de resgatar suas memórias, de se verem como sujeitos históricos e ativos, foi uma forma de afirmar que suas vidas e histórias têm importância e merecem ser reconhecidas. Segundo Thainara Souza, 15 anos, a visita a fez “ver o mundo de uma forma diferente. Descobri que a arte não é só o que fala, mas também a natureza e as pessoas ao nosso redor. Foi muito importante para a nossa vida.”

Já Geovana Ramos, 15 anos, também destacou como a oficina ampliou sua visão sobre arte:
“foi uma experiência incrível, me fez ver a arte de maneiras que nunca tinha imaginado. Arte não é só o que falam, está em tudo, na natureza e nas pessoas. Foi reflexivo e muito importante para todos nós.”

O Projeto Ayomide Odara e a  Escola Beatriz Nascimento são projetos que têm como missão fortalecer o protagonismo de meninas, jovens e mulheres negras por meio da educação, da construção de identidade e da incidência política. Com uma proposta formativa contínua, o projeto busca promover reflexões críticas e práticas transformadoras no cotidiano dessas meninas.

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