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Um mês após a morte da estudante Emanuele Ribeiro, família continua sem respostas; Estudantes reivindicam atendimento médico de emergência na UFBA

Família conta que o equipamento necessário para a emissão do laudo encontra-se quebrado e ainda não se sabe a causa da morte da estudante

Redação Odara

Emanuele Ribeiro de Jesus era uma jovem negra de 23 que estava cursando sua segunda graduação na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Ela já era formada em Relações Públicas e havia acabado de ingressar no curso de artes cênicas, que era um dos seus maiores sonhos.

Enquanto se dirigia para aula, no dia 23 de agosto, Emanuele sentiu-se mal, desmaiou e caiu próximo ao restaurante universitário do campus Ondina, onde foi acolhida por uma estudante do curso de Letras. Rapidamente, outros alunes se aproximaram para ajudar. 

Os pais de Emanuele, Edson Ferreira de Jesus e Marli Ribeiro, que haviam acabado de deixar a filha no campus e estavam a caminho de casa, foram surpreendidos por uma ligação de um estudante, informando que Emanuele havia passado mal. Retornaram ao local e seguiram com Emanuele para buscar atendimento no Hospital Português.

Testemunhas e os pais da estudante afirmam que no momento do ocorrido, nenhum segurança ou qualquer outro servidor ou funcionário da UFBA se aproximou para prestar algum tipo de socorro, cabendo apenas aos alunes e os pais da estudante, sem o devido preparo, prestar esses primeiros socorros.

Na ocasião, seu pai, Edson, teria tentado pedir ajuda a um dos seguranças, mas o mesmo o ignorou completamente. “Ele virou a cara para Edson”, contou Marli.

No carro, Emanuele estava acordada e sentia fortes dores na região do abdômen. A estudante chegou no hospital ainda com vida e foi atendida, mas sofreu uma parada cardiorrespiratória, não resistiu e veio a óbito. 

Emanuele era uma jovem aparentemente saudável, sem problemas de saúde e filha única. Na tarde do dia 24 de agosto, Emanuele foi sepultada no Cemitério Bosque da Paz, na Estrada Velha do Aeroporto, em Salvador. Família e amigos seguem muito abalados e sem saber a causa da morte.

Até o momento, o laudo com a causa da morte ainda não está pronto, a família tem pouquíssimas informações (confusas e controversas) sobre o andamento do laudo. Eles foram informados também, que uma das máquinas que realiza um dos exames está quebrada e sem previsão de conserto.

“Segundo soube, ainda está dentro do prazo, pois quando se trata de chegar à causa, realmente demora mais. O ponto é que um equipamento necessário está quebrado, então isso pode retardar mais o processo”, conta Marli, a mãe de Emanuele.

Família e estudantes cobram posicionamento da UFBA

Tanto a família quanto a comunidade acadêmica da UFBA defendem que a universidade tem responsabilidade na morte de Emanuele, por se tratar de um caso de negligência, já que não existe nenhum posto de atendimento de emergência dentro dos limites da instituição, que atende mais de 40 mil estudantes. Os servidores e funcionários também não têm nenhum tipo de formação ou preparo para primeiros socorros.

Na noite da última sexta-feira (23), quando completou um mês da morte de Emanuele, o Programa de Educação Tutorial (PET) de do curso de Letras da UFBA, o África Diretório Acadêmico (da Escola de Teatro da UFBA), e estudantes de ambos os cursos, se mobilizaram para prestar condolências à família e reivindicar que a UFBA se posicione e tome providências diante do caso, criando políticas de cuidado e preservação da vida dos estudantes.

“Para a instituição, pode ter sido somente a morte de uma aluna, mas para mim, foi a morte da minha melhor amiga, para sua mãe, sua única filha. Eu acho inadmissível que  uma universidade federal com essa estrutura e milhares de alunos não conte com um ponto de apoio para atendimento de urgência e emergência”, afirmou Jéssica Almeida, amiga de Emanuele, estudante da UFBA e colaboradora do Odara – Instituto da Mulher Negra.

O vice reitor, Penildon Silva Filho, respondeu à solicitação afirmando que a administração da universidade já está providenciando uma base local do Samu para atender o campus de Ondina e a comunidade do entorno e que em outubro será iniciado um curso para atendimento de primeiros socorros de urgências e emergências para a comunidade da UFBA.

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