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Afeto e acolhimento marcam o encerramento anual do projeto Minha Mãe Não Dorme Enquanto Eu Não Chegar

Durante a atividade, as integrantes do projeto avaliaram a atuação política desenvolvida durante o ano de 2022 e elaboraram propostas para 2023

Após mais um ano de uma luta constante por justiça e reparação, as mulheres que integram o projeto Minha Mãe Não Dorme Enquanto Eu Não Chegar se reuniram no último sábado (3) para uma confraternização e encerramento das atividades de 2022. A atividade foi realizada pelo Odara – Instituto da Mulher Negra, em parceria com o Grupo Mulheres em Luta, do Nordeste de Amaralina, e a Associação Artístico-Cultural Odeart, do Cabula, e aconteceu no bairro de Paripe, em Salvador (BA).

Para começar, como de costume, foi servido um delicioso café da manhã, seguido de uma rodada de apresentações, onde puderam se conhecer melhor. Ainda durante a manhã, as mulheres avaliaram as ações do projeto durante o ano, com facilitação de Luciana Silveira, do Grupo de Mulheres do Alto das Pombas (GRUMAP).

Divididas em grupos, elas relembraram momentos importantes do projeto em 2022 e construíram um Rio de Memórias em um grande cartaz. Foram destacados momentos como a Marcha do Julho das Pretas, a Marcha contra contra as violências e o genocídio do povo negro no Nordeste de Amaralina, o Encontro de Mulheres Negras por um novo modelo de Segurança Pública, além das oficinas e rodas de conversa mensais.

Depois de revisitar as ações do Minha Mãe Não Dorme, as mulheres falaram sobre o que faltou em 2022 e quais são as expectativas para 2023. Dentre as propostas para o ano que se aproxima estão a realização de mais atos públicos e a mobilização de mais mulheres para compor o projeto. Elas também apresentaram a necessidade de receber apoio psicossocial e assistência jurídica. 

“Essa é uma metodologia propositiva e de construção de vivências. É importante trabalhar com as memórias afetivas, memórias que nos unem e nos fortalecem. Fizemos uma avaliação com responsabilidade, mas também com leveza”, ressaltou Luciana.

Além de pontuar a atuação política, as integrantes do Minha Mãe Não Dorme também destacaram a relação de cuidado e acolhimento construída entre elas ao longo dos sete anos do projeto nas comunidades do Cabula e Nordeste de Amaralina.

Eliana Ângela, do Grupo Mulheres em Luta, contou que participa ativamente das atividades do Minha Mãe Não Dorme e que já mobilizou outras mulheres de sua família a participarem também. Ela comentou ainda sobre a felicidade em poder sair da sua rotina para participar da confraternização do projeto:

“Ontem à noite fui dormir com o coração apertado e quase desisti de vir. Eu sei que quando voltar pra casa os problemas ainda vão estar lá, mas só de estar aqui nessa atividade hoje eu já me sinto maravilhosa”, contou.

Tânia Cristina, que faz parte da Odeart, também comentou sobre como tem se fortalecido a partir da participação no Minha Mãe Não Dorme: “Me sinto muito feliz em participar do projeto e dessa confraternização. Passei por muitos momentos difíceis neste ano e foi nele que encontrei acolhimento”.

Márcia Ministra, mobilizadora do Grupo Mulheres em Luta, contou que apesar das dificuldades enfrentadas para mobilizar as mulheres em 2022 – sobretudo por conta da pandemia -, foi um ano importante para pensar a importância da coletividade para romper barreiras e enfrentar as opressões que afetam as vidas das mulheres negras e suas comunidades:

“Internalizamos que trabalhar juntas é a melhor forma de combater o machismo, o racismo e o genocídio do nosso povo. Em 2022 o nosso grupo se firmou e cada dia mais as mulheres do Nordeste de Amaralina entendem a importância desse projeto e da necessidade de mobilizar umas às outras”, afirmou.

Hildete Emanuele, coordenadora do Minha Mãe Não Dorme, ressaltou que 2022 foi um ano intenso e cheio de atividades. Ela destacou a realização do Curso Profissionalizante Minha Mãe Não Dorme Enquanto Eu Não Chegar, que formou cerca de 120 mulheres desde o mês de maio. Hildete também enfatizou a importância de promover o acolhimento no projeto:

“Precisamos pensar em como a gente consegue, cada vez mais, acolher essas mulheres. Elas precisam desse espaço de afeto, de abraço e de cuidado. Por isso, também é tão importante termos um espaço como esse para encerrar as nossas atividades do ano”, disse.

Durante a tarde o momento foi de descontração com uma oficina de dança facilitada por Ione Costa, que contou um pouco da história de alguns ritmos e colocou todo mundo para movimentar o corpo. Enquanto as mulheres participavam das atividades propostas, uma equipe de animação infantil, com apoio de algumas meninas do Projeto Ayomide Odara, realizava brincadeiras e atividades paralelas com as crianças presentes.

Confira os registros da atividade no Intagram do @odarainstituto.

Sobre o projeto

O projeto Minha Mãe Não Dorme Enquanto Eu Não Chegar é organizado pelo Odara – Instituto da Mulher Negra em parceria com a Associação Artístico-Cultural Odeart e o Grupo Mulheres em Luta, organizações localizadas, respectivamente, nas comunidades do Cabula e Nordeste de Amaralina, em Salvador-BA.

Desde 2015 o projeto atua no fortalecimento e promoção da organização política de mulheres mães e familiares de vítimas do Estado, com apoio jurídico, realização de audiências públicas que pautam o extermínio da juventude negra e atividades diversas que visam a autonomia e o autocuidado dessas mulheres.

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