Agenda reúne atividades do Julho das Pretas nas Escolas

São 44 atividades nas escolas da Bahia, Amapá, Piauí e Rio Grande do Norte

Redação Odara

A 11ª edição do Julho das Pretas – Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver conta com um calendário exclusivo de atividades que serão realizadas nas escolas. A Agenda Julho das Pretas nas Escolas apresenta 44 atividades nos estados: Amapá, Bahia, Piauí e Rio Grande do Norte. São rodas de conversa, festivais, exposições, ciclos de formação política, seminários, marchas e diversas outras ações.

O Julho das Pretas nas Escolas é uma ação organizada pelo Odara – Instituto da Mulher Negra, por meio do Projeto Ayomide Odara, e é direcionado para as escolas baianas, com o objetivo de refletir, dialogar, e construir caminhos de enfrentamento ao racismo e às mais diversas formas de violências que afetam meninas e adolescentes negras.

O tema que norteia o Julho das Pretas em 2023 é “Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver”, e faz referência à construção da 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras, que acontecerá em 2025; ao debate sobre reparação histórica para a população negra; e ao Bem Viver, paradigma que orienta a ação de grande parte dos movimentos de mulheres negras no Brasil.

A assistente social e coordenadora do Projeto Ayomide Odara, Érika Francisca, conta que as ações do Julho das Pretas têm sido realizadas desde 2019 nas escolas baianas, a partir, inicialmente da parceria com professoras baianas que construíam o Julho das Pretas no estado, e a partir de 2020 com as educadoras das meninas ligadas ao projeto Ayomide. “A gente entende que é importante trazer para a escola reflexões sobre os enfrentamentos das opressões vividas pelas crianças negras, em especial as meninas negras. A partir do Julho das Pretas, vamos aprofundar outros temas, como a importância das heroínas negras, a importância do movimento de mulheres negras, direitos humanos e direito à educação”, afirma Érika.

Layla Kinda Sousa, 17, estudante do Colégio Estadual Alfredo Agostinho de Deus, localizado em Lauro de Freitas, participante do Projeto Ayomide Odara desde 2020, neste ano é uma das responsáveis por uma atividade do Julho das Pretas em sua escola. Para ela, o momento é oportuno para trocar informações sobre autocuidado e desmistificar algumas ditaduras que a sociedade impõe sobre os corpos das meninas negras. “Além disso, a intenção é criar um espaço onde as alunas possam aprender sobre a incidência política e como é importante abordar assuntos como raça, identidade, gênero e outros temas de importância histórica para as meninas negras”, explica.

O Colégio Estadual Edvaldo Brandão Correia, em Salvador,  também está no calendário de atividades do Julho das Pretas nas Escolas. A professora Jucy Silva tem mobilizado professores e alunos da instituição para discutirem assuntos referentes ao direito das mulheres e meninas negras. “Participar do Julho das Pretas consolida uma parceria entre o colégio, o movimento de mulheres negras e a comunidade, fortalecendo a aprendizagem e uma educação pública de qualidade. A escola não pode se fechar nas quatro paredes sem debater e sem formar pessoas para uma sociedade menos injusta, menos racista, menos misógina, homofóbica e transfóbica” afirma Jucy.   

A atividade no Edvaldo Brandão é desenvolvida em parceria com as também professoras Liliane Vasconcelos e Hilma Cerqueira. Para Jucy, quanto mais professores falando sobre “reparação e Bem Viver” melhor. “É importante que outras escolas, outras professoras, incluam em seu planejamento pedagógico anual, questões que debatam esses temas. Que julho possa ser cada vez mais forte e potente, mas que não seja somente de ações pontuais, mas que façam parte do cotidiano escolar.”

Para Érika Francisca, o Julho das Pretas nas Escolas também tem a função de fortalecer o diálogo em torno da efetivação da Lei 10.639 e da Lei 11.645, que exigem a aplicação do ensino de cultura africana e afro-brasileira nos currículos escolares, que vem contribuir para a desconstrução do mito da democracia racial e superação do eurocentrismo no sistema educacional brasileiro. A partir desse trabalho nas escolas, Érika afirma que é possível ir além.

“A escola é o único lugar capaz de fazer transformação social real para o povo negro. Para ter acesso a saúde, educação, bons empregos. Mesmo com todas as deficiências. É apenas na escola que conseguimos refletir onde estamos e onde queremos chegar. Esse movimento permite que a gente possa mostrar para essas meninas nas escolas que sonhos são possíveis de serem realizados.”

Confira a Agenda do Julho das Pretas nas Escolas 2023!

Sobre o Julho das Pretas

O Julho das Pretas é uma ação de incidência política e agenda conjunta e propositiva com organizações e movimento de mulheres negras do Brasil, voltada para o fortalecimento da ação política coletiva e autônoma das mulheres negras nas diversas esferas da sociedade. A ação foi criada em 2013, pelo Odara – Instituto da Mulher Negra, e celebra o 25 de Julho, Dia Internacional da Mulher Negra Afro Latina Americana e Caribenha.

A 11ª edição do Julho das Pretas – Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver é mobilizada pela Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), Rede de Mulheres Negras do Nordeste e Rede Fulanas – Negras da Amazônia Brasileira. A agenda geral, com atividades que acontecem em outros locais além das escolas, conta com 446 atividades articuladas por 230 organizações de mulheres negras ou mistas em 20 estados brasileiros e no Distrito Federal, disponível em clicando aqui.

Saiba mais sobre o Julho das Pretas AQUI.

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