Caravana Sankofa: Projeto promove ações de enfrentamento ao racismo nas escolas do Ceará
Com o objetivo de promover a educação contra o racismo nas escolas do Ceará, o Projeto Caravana Sankofa – Enfrentando o Racismo na Escola, tem se destacado pela metodologia interativa e pela valorização das histórias e vivências plurais de estudantes e professores do estado. Baseado em atividades dinâmicas, rodas de conversa e formações, o projeto visa estimular a aplicação da Lei 10.639/03, que torna obrigatória a inclusão da história e cultura africana, afro-brasileira e indígena nos currículos escolares.
O Caravana Sankofa é uma iniciativa da Rede de Mulheres Negras do Ceará, e conta com o apoio do Edital Maria Elza dos Santos – Movimento de Mulheres Negras do Nordeste pelo Direito à Educação, do Odara – Instituto da Mulher Negra em parceria com a Rede de Mulheres Negras do Nordeste, destinado a debater o texto do próximo PNE (2024-2034), e fortalecer e expandir as ações das organizações que compõem a Rede.
Luciana Lindenmeyer, da coordenação colegiada da Rede de Mulheres Negras do Ceará, explica que o objetivo da iniciativa “é romper com a narrativa única que permeia o contexto histórico-social, utilizando referências afrocentradas para enriquecer o conhecimento dos estudantes e professores.”
Durante a execução do projeto temas como estética negra, história africana, literatura de autoria negra e saúde da população negra vem sendo abordados de forma formativa, com estudantes do ensino fundamental, médio e educação de jovens e adultos (EJA), bem como professores de escolas nas cidades de Fortaleza, Eusébio, Juazeiro do Norte e na região da Ibiapaba.
ESTRATÉGIAS DE MONITORAMENTO
Como forma de monitorar a aplicação da Lei 10.639 nas escolas, o Caravana Sankofa utiliza formações e diálogos com professores, além de questionários onde são captados relatos sobre a aplicação da lei.
Uma das estratégias do projeto é engajar toda a comunidade escolar, incluindo gestores e funcionários nas atividades do Sankofa. Isso tem gerado um aumento no interesse sobre o tema e uma compreensão mais profunda da importância da educação que combata o racismo. Luciana conta que tem sido um movimento com bons frutos. “Cada vez que levamos o Caravana Sankofa para as instituições escolares, saímos renovadas e com o sentimento de que estamos trilhando caminhos valiosos para a luta antirracista.”
PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
Além disso, o projeto também tem se dedicado a fazer os debates em torno do Plano Nacional de Educação (PNE). No mês de julho, por exemplo, foi realizada a formação “Plano Nacional de Educação, Antirracismo e a Lei 10.639: Contribuição de Professoras Negras”, com o objetivo de debater o texto do novo PNE (2024-2034) e os desafios e estratégia para a implementação de ações de enfrentamento ao racismo dentro do ambiente educacional.
Karoline Barbosa, ativista da Rede de Mulheres Negras do Ceará e coordenadora da Caravana Sankofa, destacou que esse processo de entendimento do PNE tem se expandido também internamente na Rede. “Enquanto Rede, realizamos a leitura e estudo coletivo do PNE, discutindo as metas que precisam ser alcançadas dentro das relações étnico-raciais. Promovemos formações com professoras e estudantes, abordando o plano e distribuindo uma cartilha sobre a Incidência Política do PNE, além de compartilhar textos no drive para acesso coletivo”, afirma.
TRABALHO EM REDE
Karoline explica que o apoio do Edital Maria Elza Santos tem um destaque especial para a Rede de Mulheres Negras do Ceará. A colaboração não só fortalece as iniciativas já em andamento, mas também contribui para a mobilização em torno de temas centrais como o PNE e a implementação da Lei 10.639/03.
“Por meio do apoio do Edital Maria Elza Santos, conseguimos expandir o alcance do projeto Caravana Sankofa, promovendo um diálogo mais profundo sobre educação antirracista e fortalecendo nossas estratégias de incidência política em torno do PNE. Isso tem sido essencial para garantir que as escolas compreendam a importância da Lei 10.639 e a necessidade de sua aplicação contínua e efetiva”, sinaliza a coordenadora do projeto.
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