Comunidades religiosas se encontram para debater intolerância e democracia
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Projeto Mulheres de Axé organiza a 3ª roda de conversa no último sábado (11).
Intolerância religiosa, laicidade do Estado, fortalecimento das crenças religiosas e dos terreiros, troca de saberes intergeracional e educação de axé foram temas debatidos na 3ª Roda de Diálogo Mulheres de Axé Contra a Intolerância Religiosa e pela Democracia, realizada pelo Odara – Instituto da Mulher Negra, no último sábado (11), no terreiro Ilê Axé Oyá Tolá, em Candeias (Ba).
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Durante o encontro diversas participantes afirmaram a importância das religiões de matriz africana para o fortalecimento da luta de enfrentamento ao racismo no Brasil. “A nossa religião tem um papel fundamental para sustentar nossa luta diária pela sobrevivência. O candomblé assegura força para que nós, comunidade negra, continue lutando.”, afirmou Valdecir Nascimento, coordenadora executiva do Odara.
![Valdecir Nascimento, coordenadora do Odara.](https://institutoodara.org.br/wp-content/uploads/2017/03/IMG_0272-1024x765.jpg)
Para a yalorixá Raidalva Santos, do terreiro Ilê Axé Oyá Tolá a vivência e criação das pessoas de axé as reposiciona no mundo de forma diferente preservando os ensinamentos dxs mais velhxs, as tradições e o resguardo de uma identidade construída pelas trocas e vivências cotidianas dentro das comunidades de axé. “Eu sou mulher de axé. Fui criança educada pelo candomblé. Sei do meu compromisso com os ensinamentos que aprendi e também com a luta pela preservação da nossa tradição.”, disse yalorixá.
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Para muitxs representantes dos terreiros o diálogo com a juventude, que estão chegando na religião, é importante para que as próximas gerações compreendam o legando deixado pelos povos africanos e toda a carga de luta necessária para enfrentar o racismo, a intolerância religiosa e a violência contra as comunidades de axé. “Quero pensar em como a gente pode manter certos costumes a partir do diálogo com as novas gerações. A luta e os enfrentamentos são muito grandes. Somos uma religião de resistência. Esse é um dos desafios que temos”, reforçou Andrea Montenegro, ekedy do terreiro Oyá Tolá.
![crianças](https://institutoodara.org.br/wp-content/uploads/2017/03/crianças-1024x1024.jpg)
Já para yalorixá Valdecir, da Senzala Religiosa Mukkandewa xs religiosxs do candomblé vivem uma conjuntura que exige o debate sobre representatividade política, união e posicionamento contra atos conservadores que vem dominando o país e incentivando a violência e o desrespeito as religiões afrobrasileiras. “Os evangélicos estão apertando o cerco. Tem terreiros que tem aberto espaço para evangélicos e seus projetos eleitorais. Estamos ficando oprimidos com esta situação.”.
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Outro ponto discutido na roda foram as estratégias que o povo de santo precisa construir para denunciar e judicializar crimes de intolerância e casos de discriminação e de negação ao direito da liberdade religiosa nas escolas públicas. “É preciso que a gente lute para efetivação da laicidade do Estado nas escolas públicas.”, afirmou Mayara Pláscido, do terreiro Ilê Axé Iji Faromim.
![Mãe Val](https://institutoodara.org.br/wp-content/uploads/2017/03/Mãe-Val-1024x765.jpg)
Além da presença dxs representantes dxs terreiros Ilê Axé Oyá Tola, da Senzala Religiosa Mukkandewa, do Ilê Axé Iji Faromim e de Ogum a 3ª Roda de Diálogo” Mulheres de Axé” contou com a participação de ativistas do Coletivo de Mulheres do Calafate, da Rede de Mulheres Negras da Bahia, do Instituto Búzios. A próxima roda acontecerá no dia 29 de abril na região do Recôncavo Baiano, em Cachoeira.
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