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MULHERES NEGRAS DA BAHIA FAZEM MANIFESTAÇÃO EM AUDIÊNCIA DE CASO MARIA DA PENHA

A vítima ficou  na UTI após o atentado, e o réu está respondendo em liberdade

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O movimento de mulheres negras da Bahia acompanhou nesta segunda –feira (3), mais um caso de violência doméstica e tentativa de homicídio contra mulher, em Salvador. A segunda audiência do caso que deixou dona Rosa hospitalizada por mais de um mês, aconteceu no 1º Juízo da 1ª Vara do Tribunal do Júri, em Sussuarana. O réu José Carlos Rodrigues dos Santos está respondendo ao caso em liberdade.

Dona Rosa foi vitima do ex-companheiro, em maio de 2016, com seis facadas após ameaçar denunciá-lo a polícia por invasão domiciliar, furto e ameaça de morte.  Dona Rosa foi internada  na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Geral do Estado (HGE), mas conseguiu sair com vida.

Durante a audiência foram ouvidos o acusado e as testemunhas de acusação que acompanharam o relacionamento, as ameaças e a tentativa de homicídio.  O réu foi enquadrado na Lei Maria da Penha e por tentativa de homicídio qualificado.

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“Nós queremos justiça. Queremos que ele não faça mais isso com nenhuma mulher. Ele quase tirou a vida de minha mãe. Por sorte ela está viva, mas ela precisa se libertar do medo, e voltar a acreditar que é possível sair na rua sem se sentir ameaçada. A justiça precisa defender a vida das mulheres. Não podemos permitir que esse assassino permaneça pelas ruas”, declarou a filha da vitima, Raquel Gomes, uma das testemunhas ouvidas durante a audiência. A próxima audiência será realizada no dia 10 de maio para colher depoimento da vítima.

De acordo com os dados do Mapa da Violência (2015), o Brasil está entre os países com maior índice de homicídios femininos: ocupa a 5ª posição em um ranking de 83 nações.  Em 2013, foram 4.762 assassinatos de mulheres – ou seja, aproximadamente 13 homicídios femininos diários.

A taxa de assassinatos de mulheres negras aumentou 54% em dez anos, passando de 1.864, em 2003, para 2.875, em 2013.  A Bahia é o segundo estado mais violento do Brasil. A violência doméstica é responsável por 9,8 assassinatos a cada 100 mil mulheres. Superior à registrada na região Nordeste (6,9).

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Conheça o caso de dona Rosa:

“Fui casada com Zé dois anos, terminei com ele após uma discussão em que ele me disse: “você merece um murro na cara”. Separei, e ele não aceitou. Começou a perseguição, o ciúmes, as ameaças.
Um dia de domingo, 22/05/2016, fui com meu filho de 14 anos visitar minha mãe. E enquanto aproveitávamos o dia em família, Zé arrombou minha casa com intenção de me matar, e talvez o mesmo fim teria meu filho. Decepcionado por não nos encontrar ele destruiu os móveis da casa, quebrou os vidros das janelas e arrombou dois cadeados.
No meu retorno, na segunda, 23, me deparo com a televisão toda molhada, o freezer e a geladeira sem funcionar, meu cartão de débito havia sumido. Logo tive certeza do responsável e fui atrás dele. Encontrei Zé na rua onde morávamos, avisei que queria meu cartão e disse que daria uma queixa.

Ele não me respondeu, pegou o telefone, ligou para alguém e disse que precisaria de dinheiro porque seria preso. Quando saí de casa para ir até a Delegacia da Mulher prestar a queixa, fui surpreendida. O homem com quem já dividi a vida me atacou com uma faca de cortar carne. Caí no chão depois de levar 6 facadas no rosto, tórax e pescoço, perfurando a veia carótica e por um milagre não morri.
Este homem aguarda o julgamento em liberdade, e enquanto ele fica livre, eu vivo aprisionada pelo medo, mandei meu filho ir morar longe com uma tia, não posso mais sair para trabalhar ou conviver com meus amigos.”

 

Redação Odara  – Insttituto da Mulher Negra

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