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Cursistas da Escola de Ativismo e Formação Política para Mulheres Negras  Beatriz Nascimento protagonizam  atividades no Julho das Pretas no Nordeste a Amazônia

Em um movimento de luta por visibilidade, direitos e reconhecimento das trajetórias das mulheres negras, e de mobilização rumo à Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver (Brasília, 2025), as cursistas da 7ª turma da Escola de Ativismo e Formação Política para Mulheres Negras Beatriz Nascimento (EBN) estiverem engajadas durante a 12ª edição do Julho das Pretas – Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver.

A agenda coletiva, que tem como objetivo central promover debates e destacar as demandas históricas e contemporâneas das mulheres negras, foi idealizada pelo Odara – Instituto da Mulher Negra, mas ganhou dimensões internacionais. Em 2024, por exemplo, a agenda oficial apresentou mais de 500 atividades, em 23 estados brasileiros, além de Uruguai e Argentina. 

O desafio de realizar atividades durante a agenda do Julho das Pretas foi feito para as cursistas da EBN ao decorrer das formações, que iniciaram em abril deste ano.  Lorena Cerqueira, ativista do Instituto Odara e coordenadora da EBN, explica que as atividades são uma forma de disseminar os assuntos tratados nos encontros entre as organizações e comunidades das cursistas.

“Como resultados, já podemos observar uma maior interação entre as participantes da Escola, inclusive participando das atividades umas das outras, no presencial, mas principalmente no on-line. Além disso, observamos também que as atividades têm infiltrado nas comunidades e territórios a mobilização para a Marcha Nacional de Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, em 2025, corroborando com o mote da chamada para esta turma que caminha conosco até setembro”, contou Lorena. 

Oficina “Escrevivências de Mulheres Negras pelo Bem Viver” que aconteceu na cidade de Cachoeira (BA)

ESCREVIVÊNCIAS NA BAHIA 

Ana Vitória Barbosa, cursista da EBN, foi uma das organizadoras da atividade “Escrevivências de Mulheres Negras pelo Bem Viver”, que aconteceu na cidade de Cachoeira (BA), e reuniu mulheres de municípios vizinhos. Durante um encontro, as participantes refletiram sobre suas próprias experiências através da escrita, reconhecendo-se nas narrativas umas das outras e do livro Olhos D’água, da escritora Conceição Evaristo. O momento motivou a ideia de criar outras oficinas e potencialmente publicar as produções geradas.

“A EBN foi a chave que despertou o interesse em construir essa oficina.  Quando foi proposto a escrita de uma atividade para o Julho das Pretas, eu pensei que tinha que construir junto com o Coletivo Angela Davis, do qual também faço parte. Pensamos na oficina a partir do repertório apresentado durante as formações da Escola Beatriz Nascimento, com referência na Carta das Mulheres Negras, nos livros, nas literaturas, apresentadas nas aulas.” 

Roda de troca de saberes na Casa do Artesão de Porto Nacional, no Tocantins

MULHERES NEGRAS EM REDE NO TOCANTINS

Juntas, as cursistas Ana Cleia, Gilma Ferreira e Janaína Costa também dialogaram com as mulheres dos municípios de Palmas e Porto Nacional, no Tocantins, sobre a trajetória e lutas das mulheres negras. Durante o encontro, o diálogo sobre a Marcha Nacional de Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver também deu o tom da conversa.

“A participação na EBN foi fundamental para o agrupamento das pretas – cursistas de dois municípios do Tocantins.  Os estudos do curso foram também compartilhados com as demais pretas integrantes dos coletivos. Discutimos Reparação Histórica e Bem Viver na perspectiva das mulheres negras”, contou a cursista Janaína. 

VIRTUAL CONECTANDO HISTÓRIAS NA PARAÍBA

Jamile Godoy, cursista da EBN e ativista da organização Católicas pelo Direito de Decidir, realizou em parceria com as também cursistas da Escola, Ana Gomes e Priscila Rocha, e com as ativistas da Abayomi – Coletiva de Mulheres Negras na Paraíba, o minicurso on-line “Educação em Pauta: Justiça Reprodutiva e Educação Sexual para crianças, adolescentes e jovens”, que contou com a presença de profissionais da educação e da saúde de vários cantos do estado da Paraíba. 

Godoy explica que “apresentar o conceito de justiça reprodutiva para profissionais da educação é um grande avanço. Principalmente neste território da Paraíba, que está na região Nordeste. Nos aproximamos de profissionais [da saúde e educação] que se comprometeram a aprofundar os estudos neste conceito que vem de mulheres negras e que possibilita transformação e vida digna para mulheres e meninas negras.”

EBN DE PORTAS ABERTAS 

Durante o Julho das Pretas, a Escola Beatriz Nascimento também realizou duas aulas abertas, em formato virtual. A primeira sobre “Emergência Climática e Comunidades Tradicionais” com o objetivo de discutir os desafios e as soluções para a emergência climática, focando no impacto sobre as comunidades tradicionais e a saúde das mulheres negras. E a segunda sobreO Direito à Memória ao Povo Negro – por Reparação e Bem Viver”. Lorena Cerqueira conta que a escolha dos temas trouxe questões atuais que dialogam com os ideais de Reparação e Bem Viver. 

“O status de emergência climática já vem sendo apontado pelos Povos e Comunidades Tradicionais há algum tempo e são as lideranças negras que estão à frente desse processo, denunciando os impactos da instalação dos grandes empreendimentos em sua comunidade, afetando diretamente o ambiente em que vivem e reproduzem-se a partir dos seus modos de vida. Por outro lado, falar de Reparação a partir da memória nos rememora o que Beatriz Nascimento nos ensina, de ouvir o Brasil e reescrever sua história a partir de mãos negras. É significar o passado com a devida importância que ele tem pra nós, enquanto povo que cultua, respeita e preserva a sua ancestralidade”, explica Lorena. 

Além das atividades realizadas pelas cursistas da EBN, em 19 municípios, de 10 estados do Nordeste e Amazônia, as cursistas também participaram das Marchas e agendas coletivas em seus estados, no dia 25 de julho, quando é celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, e dia de Tereza de Benguela. Ao longo da agenda do Julho das Pretas, as cursistas não apenas honraram o legado de Beatriz Nascimento, mas também fortaleceram as lutas e laços entre as diversas comunidades no Nordeste e Amazônia. Em mais um ano de atuação, o Julho das Pretas se consolida como um marco anual crucial, renovando o compromisso com a luta das mulheres negras brasileiras.

Confira a galeria de fotos das atividades realizada pelas cursistas da 7ª turma da Escola de Ativismo e Formação Política para Mulheres Negras  Beatriz Nascimento, durante o Julho das Pretas 2024, clicando aqui.

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