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Empresário Jonatha de Amorim Souza é detido no Imbuí por torturar a mãe de suas filhas

O proprietário da J. Amorim Automação Industrial foi denunciado à polícia pelos vizinhos e funcionários do condomínio que ouviram as agressões

Por Jéssica Almeida / Redação Odara.

No último domingo (21), Jonatha de Amorim Souza, foi detido ao ser flagrado agredindo a mãe de suas filhas, Ariele de Almeida Rocha. As agressões ocorreram após uma discussão no restaurante Cien Fuegos, no bairro do Rio Vermelho, na noite anterior. Jonatha foi flagrado beijando uma outra mulher, que chegou a ir até a residência do casal, no Imbuí, mas assim que as agressões começaram, foi embora.

Ariele foi agredida com marteladas nas mãos, socos e pontapés no rosto e em outras partes do corpo. Ela também contou em depoimento que foi alvo de chutes na barriga e enforcamento. O agressor teria dado calmantes à vítima, que se recusou a ingerir e desmaiou enquanto era agredida.

Marcelo Sobral, o advogado da vítima, alega que Ariele chegou a implorar que Jonatha a matasse com uma arma de fogo, mas ele se recusou a matá-la imediatamente, pois, antes pretendia torturá-la.

O casal convivia há dezenove anos e tinham duas filhas, uma de oito anos e outra de treze. Nenhuma delas estava presente no momento da agressão. Segundo a defesa de ambos, ocorreram outras agressões ao longo do relacionamento.

O casal é dono da empresa J. Amorim Automação Industrial, que presta serviços para o pólo petroquímico de Camaçari. Segundo Ariele, um dos motivos que a fez não prestar queixa contra o agressor antes, é o fato de ser dependente financeiramente dele.

As agressões teriam chamado a atenção dos vizinhos, mas em depoimento à polícia, Jonatha alega que apenas imobilizou a vítima e que ela teria causado os ferimentos em si mesma,

De acordo com a Polícia Civil, o agressor foi autuado em flagrante e levado para a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de Brotas. Ariele realizou exames de lesão corporal no Hospital Geral do Estado. A polícia afirmou em nota que um inquérito foi instaurado e a vítima se encontra na casa de parentes, acompanhada das duas filhas

Semana Elitânia Souza

A agressão sofrida por Ariele não é um caso isolado. Desde o início da pandemia, os casos de violência e feminicídio só aumentaram na Bahia. De acordo com a Confederação Nacional dos Municípios, os episódios de violência contra mulher cresceram em até 20% desde 2019. Isso, sem contar com a sub-notificação que se intensificou devido à maior presença dos agressores no ambiente doméstico.

Ariele foi vítima de violência na mesma semana em que realizamos a 2ª Semana Elitânia de Souza, em resposta ao brutal assassinato da jovem liderança quilombola de 25 anos, Elitânia de Souza – ocorrido no dia 27 de novembro de 2019 – e de tantas outras vítimas de violência doméstica.

A programação começou nesta segunda (22) e segue até o dia 27. O objetivo da mobilização é denunciar a constante situação de violência ao qual mulheres estão inseridas, exigir justiça por Elitânia e todas as outras mulheres negras vítimas de feminicídio, cujas vidas foram interrompidas pela violência machista/misógina, aliada ao racismo, pobreza e outras violências estruturais.

A semana faz alusão também a campanha internacional “16 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, que tem início no dia 25 de novembro (Dia Internacional da Não-Violência contra as Mulheres) e término no dia 10 de dezembro (Dia Internacional dos Direitos Humanos). Aqui no Brasil, os 16 dias se tornaram 21 Dias de Ativismo, com início em 20 de Novembro, Dia da Consciência Negra, e término em 10 de dezembro.

O evento é realizado em parceria com o Coletivo Angela Davis, o Centro de Artes Humanidades e Letras (CAHL – UFRB), professoras e estudantes do curso de Serviço Social da UFRB, Centro Comunitário do Rosarinho (Núcleo de Mulheres do Alto do Rosarinho), Grupo de Mulheres Kizomba,  Associação Artístico Cultural Odeart e diversas outras mulheres e movimentos de Salvador e do Recôncavo da Bahia.

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