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Escola Beatriz Nascimento finaliza 4ª turma de formação com ativistas negras do Norte e Nordeste

Em dois anos de atividades, a EBN formou mais de 120 mulheres negras das duas regiões do Brasil

Redação Odara

A Escola de Ativismo e Formação Política – Beatriz Nascimento (EBN) concluiu na última terça-feira (22) o ciclo formativo da 4ª turma de ativistas negras das regiões Norte e Nordeste do Brasil. Após dois meses de formação online, 26 mulheres concluíram o curso que teve carga horária de 60 horas de aulas teóricas e práticas.

A formação é ofertada pelo Odara – Instituto da Mulher Negra e funciona como um projeto de extensão da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), através da parceria com o  Centro de Artes Humanidades e Letras (CAHL), sob a direção da Professora Dyane Brito.

Esta edição do curso contou com sete módulos formativos: Pensamento de Mulheres Negras Contemporâneas; Insubmissão da Escrita de Mulheres Negras; História e trajetória das Organizações de Mulheres Negras; Pensando nas Lésbicas, Bisexuais e Transexuais Negras (História, Memória e Organização Política); Políticas Públicas na perspectivas de Mulheres Negras; Comunicação e Incidência Política; Feminismo Negro e Tecnologias.

Silene Arcanja, coordenadora pedagógica da Escola Beatriz Nascimento, lembra que durante os dois anos de existência da EBN, a iniciativa já formou mais de 120 mulheres negras do Norte de Nordeste e tem contribuído com o fortalecimento e empoderamento político dessas ativistas que passam pela formação: 

“Nós consideramos que nossa Escola Beatriz Nascimento hoje é imprescindível, não só aqui na Bahia, mas em todo Norte e Nordeste, para o fortalecimento político das mulheres negras, de forma a incidir de maneira mais eficaz no desenvolvimento de ações em seus grupos e comunidades de origem”, afirma Silene.

Kássia Roberta, educadora social, moradora do município de Araçoiaba (PE), e uma das cursistas da 4ª turma, ressalta que o contato com as referências abordadas na formação e com as colegas de turma foi um presente e lhe permitiu vivenciar um espaço de aquilombamento:

“Eu posso dizer que sairei da Escola Beatriz Nascimento mais fortalecida. Cada módulo me acrescenta de forma muito particular, e também sairei eu sendo guiada a partir do pensamento de mulheres negras”, conta Kássia.

Silvana Bispo, Professora do módulo Pensamento de Mulheres Negras Contemporâneas, compartilha da mesma opinião e acrescenta que o espaço de formação foi construído fora de uma lógica hierárquica, facilitando o processo de troca real entre as ativistas.

“Poder fazer parte da Escola Beatriz Nascimento pra mim é uma grande honra no sentido que a gente pode dialogar junto com várias mulheres de diversas regiões do Brasil, como a gente forja e nos organizamos no sentido da formação política e ativista de mulheres negras”, afirmou Silvana.

Alane Reis, Professora do módulo Comunicação e Incidência Política, comenta que foi assertiva a escolha do Odara em reservar essas vagas para as mulheres do Norte e Nordeste, por serem regiões com muitas dificuldades de acesso a projetos de formação e em geral. Ela destaca ainda o papel da comunicação no processo de formação política de ativistas negras:

“Comunicação pra gente é mais que uma ferramenta, é uma forma de lutar também, é um campo de batalha. É por onde a gente vai dialogar com as pessoas e conseguir mudar pensamentos, formas de pensar, de sentir. A comunicação é a ciência do comum, a ciência do compartilhamento”, enfatizou.

Gilcélia de Assis, graduada em Ciências Contábeis, moradora da cidade de Salvador (BA), cursista da 4ª turma, afirma que participar da EBN foi uma experiência enriquecedora e que aumentou bastante o seu referencial teórico de mulheres negras que são essenciais para o movimento de mulheres negras:

“Através dos seus livros é que elas mostram para nós, mulheres negras de hoje, como faremos a revolução e qual o caminho que nós temos que seguir para virar a chave e conseguir modificar a estrutura socioeconômica e política dessa sociedade”, disse Gilcélia.

Naianne Dias, publicitária, também moradora da cidade de Salvador (BA) e cursista da EBN, conta que, além das professoras, a participação da equipe técnica também foi fundamental para o êxito da sua participação no curso:

“A equipe de apoio fez as barreiras da tecnologia e da distância não serem empecilhos para a realização desse curso. Vida longa à Escola Beatriz Nascimento!”, comemora.

As 26 cursistas que concluíram a formação irão apresentar um projeto final sobre seu aprendizado, em formato de paper, podcast, audiovisual, ou artigo. Em breve o material será disponibilizado na Biblioteca Virtual do Instituto Odara.

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