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Mostra Artística Ayomide Odara celebra sonhos e talentos de meninas e jovens negras

A arte é uma ferramenta poderosa para a expressão de sonhos, esperanças e aspirações. E é exatamente isso que a Mostra Artística “É Possível Sonhar”, promovida pelo projeto Ayomide Odara, do Odara – Instituto da Mulher Negra,  buscou capturar e compartilhar, no último sábado (7). 

Após o módulo “Sonhos Possíveis para Meninas Negras”, as Ayomides apresentaram suas produções em um momento cheio de trocas, depoimentos e muito afeto, que contou com a participação dos familiares das Ayos, da juventude da Grumap (Grupo de Mulheres do Alto das Pombas), da coordenação do Instituto Odara, e claro das nossas Ayomides, de forma presencial e virtual.

A atividade iniciou com uma conversa sobre sonhos, com a idealizadora e coordenadora de Captação de Recursos e Articulação Política do Instituto Odara, Valdecir Nascimento, que compartilhou com as meninas um pouco da sua trajetória como menina e jovem negra periférica, sobre os desafios que encarou e as estratégias que utilizou, destacando o papel da educação. 

“A gente precisa crescer sabendo que temos a tarefa da transformação. Ah, não quero saber de política… temos que querer saber. Pois é na política que melhoramos o posto de saúde, a nossa escola… nós somos agentes de transformação. O Estado não vai nos dar nada na mão, por isso a gente precisa se preparar para tomar o que é nosso. E onde a gente tem conhecimento para isso? Na escola! É difícil? É! Muitas vezes a escola acaba com a gente, mas não vamos sair dela. Lá será o primeiro lugar que vamos transformar!” 

Durante a Mostra, aconteceu a exposição dos produtos desenvolvidos pelas Ayomides durante a oficina “Potinhoterapia”, ministrada pela pedagoga e artista plástica, Ivana Magalhães. A técnica une arteterapia com a valorização dos artefatos cerâmicos na cultura popular baiana. Durante o encontro, Ivana destacou a relevância das meninas se sentirem capacitadas para a produção artística. “Vocês mostraram que a arte também faz parte de vocês, que podem deixar esse mundo mais potente e colorido com o que estão se propondo a fazer, sou muito grata por ter tido essa experiência com vocês. Quando a gente tem a alegria e arte plantada e desenvolvida dentro de nós conseguimos passar com alegria pelas adversidades do mundo.” 

O módulo “Sonhos Possíveis para Meninas Negras” também contou com orientação da psicóloga clínica e especialista em curso de vida, Andréa Santos, que também prestigiou o evento e afirmou que “meninas negras podem tudo, inclusive realizar sonhos, independente de onde venham. Estamos aqui para ajudar vocês a conquistarem. Espero que outras pessoas tenham experiências como essa.”

Além dos potinhos, o momento também contou com intervenções poéticas, musicais, desfile de penteados e de dança apresentadas pela Ayos que estavam presente, e também que acompanhavam o evento em formato virtual. A técnica do Ayomide Odara, Lorena Cerqueira, expressou seu apreço pela diversidade artística presente no evento e pela forma como as Ayos incorporam a arte em todos os aspectos de suas vidas. 

“A gente sabe que arte é um conceito enorme e a gente sabe que arte é algo que não nos inclui. Por isso estamos repensando arte aqui hoje. E vocês prontamente trazem a arte em tudo! Na poesia, na dança, na música, no penteado! É emocionante ver o resultado deste trabalho de uma forma tão rica. Tenho certeza que essa será a primeira de muitas exposições”.

Heloise Helen, de 12 anos, foi uma das Ayos que apresentou sua arte durante o evento. “Eu fiquei muito nervosa, mas depois eu fiquei muito feliz pois as pessoas gostaram da apresentação. Eu danço no bloco afro Bankoma, e sou muito feliz pelo aprendizado lá. A roupa que usei foi feita pelas costureiras do bloco. Eu gostei bastante da oportunidade de me apresentar para Ayos, e mostrar um pouco do que a dança e esse bloco representam para mim”, contou Heloise.

REPÓRTER AYOMIDE 

Durante o evento foi gravada mais uma edição do projeto Repórter Ayomide, quando as Ayos entrevistam alguns convidados escolhidos por elas, a edição completa do programa estrá disponível no Instagram Ayomide Odara. 

Uma das entrevistadas foi Rita Santa Rita, liderança do GRUMAP, que compartilhou um pouco da sua trajetória, reconhecendo o trabalho das mulheres negras que a inspiraram ao longo da vida

“Eu estou com 63 anos e olho para trás e vejo tantas conquistas que tantas mulheres negras me proporcionaram e me conduziram para sonhar. Eu sou um sonho. Eu sou o sonho da minha tataravó, da minha bisa, da minha mãe e de tantas outras do Alto das Pombas. E neste momento o nosso sonho é a construção do Bem Viver, pela vida da juventude negra e das meninas negras”, conta Ritinha. 

A coordenadora Executiva do Odara – Instituto da Mulher Negra, Naiara Leite, também foi uma das entrevistadas e ao compartilhar suas reflexões durante o evento, destacou a influência significativa do racismo nas vidas das mulheres negras, agravando as diversas formas de violência que elas enfrentam diariamente. Ela ressaltou como essa realidade de discriminação e preconceito frequentemente distancia as mulheres negras de suas próprias possibilidades de sonhar.

“O racismo, que potencializa as outras violências que a gente vive, faz com que a gente vá se afastando da possibilidade de poder sonhar. São sonhos que às vezes classificamos como impossíveis, sonhos que para nós meninas negras periféricas e quilombolas, achamos que não podemos ter conosco. Por isso que quando as Ayomides trabalham isso é importante, eu tenho certeza que saem dos encontros pensando no que vocês sonham e que podem realizá-los”, comenta Naiara.

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