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Instituto Odara, através do Projeto Ayomide Odara, lança Rede para fortalecer a luta antirracista na educação

Redação Odara

Com o objetivo de construir uma educação antirracista com dignidade e Bem Viver para crianças negras, no último sábado (21) foi realizado o lançamento da Rede de Educação Ayomide Odara.

A iniciativa, que é fruto do projeto Ayomide Odara, do Odara – Instituto da Mulher Negra, reúne profissionais atuantes em diferentes espaços educacionais, além de estudantes e membros da sociedade civil comprometidos em construir uma educação antirracista de qualidade para crianças negras.

O evento contou com a participação de educadoras dos estados da Bahia, Ceará, Pernambuco, Maranhão e Rio de Janeiro, que na oportunidade trocaram experiências sobre as estratégias que têm sido utilizadas para abordar a temática racial dentro das instituições de ensino. Durante o evento, as participantes apresentaram também os desafios encontrados no campo educacional para a luta antirracista.

Taísa Ferreira, educadora de Salvador, ressaltou a necessidade de mobilizar professores e adaptar estratégias à medida que surgem os desafios. “É primordial que façamos uma discussão sobre o racismo nos espaços de aprendizagem, porque dessa forma a gente expulsa menos pessoas das escolas, porque é o que acaba acontecendo quando a gente não se vê nos espaços. É necessário pensar também nas pessoas que estão nos espaços de poder na escola, para que não deixe o assunto passar despercebido”, afirmou Taísa. 

A educadora Eliana Santos destacou a importância de introduzir nas salas de aula livros que sustentem a representatividade de autores negros e abordem questões raciais. Ela também destacou que além de lidar com o corpo pedagógico, ainda há o desafio atrelado a  questões religiosas no ambiente escolar. “As questões religiosas são muito reproduzidas nas salas de aula, o professor precisa pensar em como ampliar a visão desses sujeitos. É um trabalho de formiguinha, pois as barreiras são muitas por todos os lados”, afirma. 

REVISITANDO A LEI 10.639/03

Lorena Cerqueira, técnica do projeto Ayomide Odara, destacou o propósito da rede em avaliar o que foi conquistado ao longo de vinte anos de vigência da lei 10.639/03 (que obriga o ensino da temática “História e Cultura Afro-Brasileira” nas escolas) e, ao mesmo tempo, monitorar as instituições que ainda não a aplicam. 

“Esse é um momento para pensar as relações étnico-raciais nos espaços educativos e também gerar o compartilhamento de experiência na aplicabilidade da lei nessas instituições. Ao mesmo tempo é um convite para o monitoramento da aplicação da legislação, nesses ambientes escolares que ainda se recusam a institucionalizar o ensino das relações afro-brasileiras e indígenas na escola. Além de fortalecer esses profissionais de educação que muitas vezes estão em um espaço de solidão na escola”, afirmou Lorena. 

Para Iracema Oliveira, educadora social baiana, ainda existem desafios a serem superados para garantir que a legislação seja efetivamente aplicada nas instituições educacionais. Segundo ela, há um material considerável disponível e um progresso desde que a lei foi sancionada. “No entanto, é necessário revisar e analisar alguns dos materiais existentes. Além disso, observa-se uma lacuna no preparo dos professores. Eu acredito que a educação antirracista requer uma mudança de perspectiva, o aprimoramento na formação dos professores e a sensibilização dos profissionais da educação e pais em relação a essa lei.”

Jacinta Santos, educadora do estado do Maranhão, destaca a importância de ouvir as crianças negras para que as estratégias de aplicação da lei sejam efetivas. “É fundamental reconhecer o lugar de escuta e entender como as crianças desejam ser ouvidas. Esse é um processo de aprendizado enriquecedor que nos liberta das limitações e contribui para uma abordagem mais democrática na educação. Ao compreender e respeitar as vozes das crianças, construímos um ambiente de ensino que valoriza suas perspectivas e promove a igualdade, onde todos têm a oportunidade de participar ativamente no processo educacional”.

SOBRE A REDE DE EDUCAÇÃO

A Rede de Educação Ayomide Odara vem fortalecendo suas bases desde julho de 2023, durante a realização do evento “Julho das Pretas nas Escolas”, em parceria com o Movimento de Mulheres Negras e o Odara – Instituto da Mulher Negra. A partir desse marco, educadores têm se aproximado do projeto Ayomide Odara, ansiosos por contribuir para a construção de uma educação de qualidade e transformadora. Esta iniciativa, que brota do seio do projeto Ayomide Odara, congrega profissionais ativos em diversos ambientes educacionais, bem como estudantes e membros da sociedade civil dedicados a forjar uma educação antirracista de excelência para as crianças negras.

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