Na comunidade do Brongo de Brotas, em Salvador (BA), mulher a caminho da igreja é morta pela polícia; filho de 5 anos também foi baleado e está em estado grave
Catimile dos Santos Bonfim, de 37 anos, foi atingida no peito e morreu no local; Pastora, fiéis e moradores denunciam violência policial: “Já chegou atirando”
Redação Odara
Na noite da última sexta-feira (30), Catimile dos Santos Bonfim, de 37 anos, uma mulher negra, mãe e evangélica, acompanhada do seu filho de apenas cinco anos, estava a caminho da Igreja Batista do Arvoredo o Comando é de Jesus, na comunidade do Brongo de Brotas, em Salvador (BA), quando foi alvejada por um disparo de arma de fogo.
Catimile foi atingida no peito e morreu no local. A criança também foi baleada e segue internada em estado grave no Hospital Geral do Estado (HGE). Os disparos aconteceram durante uma ação da Polícia Militar (PM) na comunidade. Como de costume, a versão da PM afirma que a guarnição foi recebida a tiros na comunidade e revidou contra um grupo de homens armados.
Pouco depois da ação, a pastora Edneia Costa, líder religiosa da igreja frequentada por Catimile, realizou uma transmissão ao vivo no Instagram (CENAS FORTES), no local do ocorrido. No vídeo, tanto a pastora, quanto outros moradores do local, afirmam que os tiros foram disparados pela polícia e que frequentemente as guarnições entram na comunidade atirando contra a população.
Em alguns momentos da transmissão, é possível ver o corpo de Catimile coberto por um lençol, e uma grande quantidade de sangue escorrendo pelo chão. Umas das moradoras chega a levantar o lençol e é possível identificar o disparo no peito da vítima.
Na manhã de sábado (1º), fiéis da Igreja Batista do Arvoredo e moradores do Brongo de Brotas, realizaram uma manifestação na região do Ogunjá, pedindo justiça por Catimile e protestando contra a ação violenta da polícia na comunidade.
Catimile era, como milhões de mulheres negras, alguém que trabalhava para manter seus lares e criar suas crianças, mesmo com todas as dificuldades. Alguém que certamente queria o melhor para as suas crianças e tinha para eles e para si mesma, projetos de futuro. Sua vida foi interrompida por uma ação do Estado que deveria lhe garantir todas essas coisas, mas que ao invés disso, lhe tirou todas as possibilidades.
Onde as mulheres e crianças negras estão seguras se, dentro das nossas comunidades, continuamos sendo alvo da bala da polícia? Até quando estaremos correndo risco de perder a vida, até mesmo ao realizar uma atividade cotidiana, como ir à igreja?
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