#OpiniãoOdara: Crianças negras merecem viver. Exigimos justiça pelo menino Gabriel Silva!

Gabriel Silva da Conceição Júnior, de 10 anos, é mais uma criança negra que se torna vítima fatal da política de extermínio do Estado. No último domingo (23), após o almoço, Gabriel se sentou no batente da porta de casa, no bairro de Portão, em Lauro de Freitas (BA) sob a vigília constante de sua mãe, quando policiais a bordo de uma viatura da 52 CIPM – Companhia Independente de Polícia Militar – desferiram tiros em sua direção. O menino foi atingido no pescoço e não resistiu.

Gabriel se soma a uma longa e triste lista ao lado de Joel Castro, Mirella Barreto, Geovanna Nogueira, Micael Menezes, Ryan Andrew – crianças assassinadas em operações da Polícia Militar na Bahia. 

Os dados divulgados pelo Anuário de Segurança Pública de 2023, publicado no dia 20 de Julho, mostram que a Bahia é o estado com maior número de pessoas mortas pela Polícia Militar. Ou seja, os agentes do Estado estão sendo devidamente pagos e autorizados a executar sua própria população. 

Desde a fala de Rui Costa, ex-governador do estado e atual ministro da Casa Civil, comparando a chacina do Cabula a uma partida de futebol, onde os policiais responsáveis pelos homicídios foram chamados de “artilheiros”, o número de mortes violentas protagonizada pela polícia baiana aumentou exponencialmente. De 2015 para cá, o índice mais que quadruplicou. 

Os governos petistas na Bahia endossam o modelo de segurança pública repressivo e letal que tem violado territórios e ceifado vidas em nome da pretensa “guerra às drogas”. 

A política de “guerra às drogas” no Brasil, e também na Bahia, tem elegido como alvo prioritário territórios vulnerabilizados e um perfil específico de pessoas para produzir um verdadeiro massacre ao povo preto e pobre. 

O relatório “Eu sou parte de você, mesmo que você me negue”, produzido e divulgado pela Iniciativa Negra por uma Nova Política de Drogas, revela que apesar dos números de apreensão de drogas serem superiores em territórios majoritariamente ricos e brancos da capital baiana, como Barra e Pituba, são nos territórios pretos e pobres, como o Subúrbio e o Complexo do Nordeste de Amaralina, que se concentram as mortes violentas e intencionais. 

As informações divulgadas pelo Anuário de Segurança Pública reforçam esses dados e permitem construir o perfil das vítimas da letalidade policial: 83% dos mortos pela polícia em 2022 no Brasil eram negros, 76% tinham entre 12 e 29 anos. Jovens negros, majoritariamente pobres e residentes nas periferias seguem sendo alvo preferencial da letalidade policial. Na Bahia,  o cenário não é diferente. Segundo dados divulgados pelo Observatório de Segurança  Pública, no ano de 2022, a cada 100 pessoas mortas pela Polícia, 98 eram negras. 

Nessa toada, ninguém está a salvo. Nem mesmo as crianças. 

Não dormiremos enquanto o extermínio permanecer.

O Odara – Instituto da Mulher Negra, através do projeto Minha Mãe Não Dorme Enquanto Eu Não Chegar, faz o acompanhamento de 14 mães e pais que perderam seus filhos pra violência e letalidade policial. Desses casos, 4 são de crianças. Em todos os casos a Polícia Militar alega confronto com “homens armados”. 

O Odara se solidariza com os familiares e amigos em nome de Dona Samile Costa, mãe de Gabriel, e se coloca à disposição para trilharmos juntas o caminho de luta pela justiça. 

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