#OpiniãoOdara: Estado falha em proteger nossas crianças e o resultado são 14 vítimas da violência armada na Bahia só em 2023
Quatro mortes foram registradas; A vítima mais recente foi Jefferson Figueiredo, de apenas 11 anos, no bairro de Vila Canária, em Salvador (BA)
Redação Odara
Na noite da última quinta-feira (2), o pequeno Jefferson Figueiredo de apenas 11 anos foi morto a tiros no bairro de Vila Canária, em Salvador (BA). Informações dadas aos veículos de comunicação até o momento falam em execução e apontam traficantes da região como autores do crime. O caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Jefferson é a 14ª criança atingida por disparo de arma de fogo no estado da Bahia só no ano de 2023, segundo dados levantados pelo Instituto Fogo Cruzado. Ainda segundo o levantamento, quatro crianças foram mortas, dentre elas um bebê com apenas um mês de vida.
Seja em consequência de operações policiais ou de disputas de facções criminosas, uma coisa é certa: o Estado tem falhado em proteger as crianças da violência armada que atinge a Bahia e que tem se intensificado nos últimos meses, sobretudo na capital e Região Metropolitana.
Segundo o art. 227 da Constituição Federal, “é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida” e também de “colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.
No entanto, ao invés de garantir a segurança das crianças, é o próprio Estado, através da Polícia Militar, o agente responsável pela maioria dos casos de crianças feridas e mortas por tiros na Bahia. Dentre as 14 ocorrências registradas, ao menos oito aconteceram em meio a operações policiais justificadas pela política de guerra às drogas executada com exclusividade nas comunidades negras e periféricas.
Não é de hoje que temos denunciado o modelo de segurança pública adotado pelo Estado e suas devastadoras consequências em nossas comunidades. Somos atacadas diariamente por esse projeto genocida que agora, não mais satisfeito em ceifar as vidas dos nossos jovens, sem pudor algum, tem vitimado cada vez mais as crianças negras.
Estamos cansadas de apontar que a guerra às drogas é, na verdade, uma guerra contra os nossos. Já está mais que comprovado que este modelo de enfrentamento não dá conta de acabar com o tráfico ou de proteger as nossas vidas.
Queremos as crianças negras vivas, com pleno direito à saúde, à educação e a uma vida sem violência nos territórios onde vivem. Não é sonho, não é utopia, é apenas a garantia da constitucionalidade. Será pedir demais?
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