Projeto Minha Mãe Não Dorme realiza aulões com a Juventude Negra sobre segurança pública nos bairros do Nordeste de Amaralina e Cabula, em Salvador (BA)

Encontros abertos ao público aconteceram nos dias 8 e 9 de maio
Por Redação Odara – Adriane Rocha
O projeto Minha Mãe Não Dorme Enquanto Eu Não Chegar, do Odara – Instituto da Mulher Negra, promoveu nos dias 8 e 9 de maio aulões sobre segurança pública nas comunidades do Nordeste de Amaralina e do Cabula, em Salvador (BA). Com foco especialmente nas juventudes locais, as atividades foram abertas ao público.
Com uma abordagem crítica, que rompe com a lógica repressiva das operações policiais, os encontros propuseram reflexões sobre o papel dos serviços públicos nos territórios populares e sobre os caminhos para acessar direitos historicamente negados à população negra e periférica.
Durante as atividades, o público pôde conhecer melhor o Instituto Odara e o trabalho desenvolvido pelo projeto, que vai além da formação política: o Minha Mãe Não Dorme também acolhe e oferece assessoria jurídica a famílias de vítimas da violência do Estado .
A proposta dos aulões foi fortalecer os vínculos com as comunidades e ampliar o acesso aos serviços oferecidos, principalmente em bairros historicamente marcados por ações policiais violentas, como o Nordeste de Amaralina e o Cabula.
A assessora jurídica do projeto, Daiane Ribeiro, foi a responsável por facilitar os encontros. Ela destacou que, ao contrário do que mostra a grande mídia, essas comunidades têm histórias e potências que precisam ser valorizadas. No Nordeste de Amaralina, além do debate, foi exibido o documentário História do Nordeste de Amaralina, produzido pelo grupo de mídia local NORDESTeuSOU. A exibição foi seguida por uma roda de conversa sobre racismo, urbanização, especulação imobiliária, cultura local e o papel da comunicação comunitária.
Segundo Daiane, as discussões foram fundamentais para desconstruir a visão reducionista da segurança pública: “As atividades buscaram mostrar que a segurança não se resume à presença da polícia. Ela está diretamente ligada aos determinantes sociais, como moradia, saúde, educação e saneamento. A forma como a polícia atua nas periferias é reflexo de uma política de extermínio”, afirmou.
A jovem Maria Cristina, de 20 anos, moradora do Cabula e participante do projeto, também destacou a importância do aulão: “A aula foi muito valiosa para nós. Aprendemos sobre a complexidade da segurança pública e hoje nos sentimos mais preparados para reivindicar nossos direitos. Saber que podemos contar com uma rede de apoio como o Odara é reconfortante.”
Ela ainda apontou como o racismo afeta diretamente a segurança nas periferias: “Segurança pública não é só polícia na rua. É acesso à saúde, à educação, ao transporte, à dignidade. Quando tudo isso falta, a violência aumenta, nossa saúde mental piora e a qualidade de vida vai embora. Isso adoece a gente.”
No Nordeste de Amaralina, Evelyn Cristina, também moradora e integrante do projeto, compartilhou a experiência de participar do aulão: “Foi muito proveitoso. Conhecemos os profissionais do Odara e aprendemos mais sobre segurança pública dentro da nossa própria comunidade. Isso fortalece a gente.”
Os aulões fazem parte da atuação do projeto de promover formação política enraizada nas vivências das comunidades, com foco na resistência, no acolhimento e na luta por justiça diante da violência que marca os territórios negros de Salvador.
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