Coluna Beatriz Nascimento #12 Brenda Moraes

Desde agosto, temos visto por aqui, a escrita insubmissa de mulheres negras na Coluna Beatriz Nascimento: uma exposição dos produtos das mulheres participantes da 3ª Turma da Escola de Ativismo e Formação Política para Mulheres Negras – Beatriz Nascimento. Hoje, chegamos ao penúltimo produto desta coluna: uma carta endereçada às mulheres pretas e escrita pelas mãos da Brenda Moraes.
A seguir, leia a carta completa.
Porto Velho, 24 de Agosto, 2022
A TODAS ÀS MULHERES PRETAS, DE ONTEM, HOJE E AMANHÃ,
Nós somos, porque cada uma é uma grande revolução.
Sempre que preciso escrever, me pego cheia de dificuldades e inseguranças. Cheias de medos e síndrome do impostor, sem acreditar em minha capacidade, minhas lutas e revoluções. E talvez por muito tempo, isso ainda aconteça, porque historicamente foi isso que disseram ou esperaram de nós, mulheres pretas.
Ser uma mulher preta é vivenciar um processo de descobertas, de lutas, empedramentos e conhecimentos diários. A Escola de Ativismo e Formação Política para Mulheres Negras me proporcionou uma nova possibilidade de ser quem sou.
Hoje, escrevo ainda mais consciente de quem somos, e o quanto podemos ser. Cada aula, cada troca, cada encontro, foi de certo, um reencontro. Comigo, com quem fui e com quem desejo ser. Imagine só, um encontro repleto de afeto, de acolhimento e de rostos e cores semelhantes a mim. MÁGICO!
Tivemos módulos ricos em formação, descobrimos e revimos várias considerações de mulheres negras em nossa sociedade. Podemos contemplar literaturas, arte, e diversos saberes das nossas.
Reverenciamos todas aquelas que estiveram antes de nós, para que HOJE nós pudéssemos estar aqui trilhando nossa trajetória. Lélia Gonzalez, e Beatriz Nascimento, grandiosas com contribuições políticas e sociais, para além de seu tempo, mesmo diante de várias opressões. Mulheres essas que nos permitem dialogar e aprender. Conceição Evaristo, que tanto contribuiu e contribui para nossa literatura, a mulher que chama de escrevivências, o que a mulher preta escreve. Escrever sobre o que se vive, escrever sobre o que se sente, escrever como se sente é ESCREVIVÊNCIA. E, Nós não vamos parar, não vamos silenciar, iremos (re)tomar nosso lugar de Poder.
AXÉ.
Quem é Brenda Moraes?
Brenda Moraes é uma mulher preta, psicóloga, ativista social, que busca por equidade, respeito e poder ao povo preto. Ela tem 29 anos e é de Porto Velho, Rondônia. Atuante na psicologia clínica, social e jurídica. É vice-presidente de uma ONG que pauta direitos humanos e proteção à população em vulnerabilidade.