Chacina da Gamboa: Inquérito da Polícia Militar aponta indícios de execução

O inquérito segue sob sigilo e será analisado pelo Ministério Público (MP); As informações foram divulgadas pelo Alma Preta Jornalismo

Por Jamile Novaes | Redação Odara

Segundo informações do Alma Preta Jornalismo, o inquérito policial que investiga as mortes de três jovens negros na comunidade da Gamboa de Baixo, em Salvador (BA), na madugrada do último dia 1º de março, foi concluído na semana passada e aponta que pelo menos um deles foi vítima de execução.

O laudo mostra que Cleverson Guimarães foi morto por um tiro disparado de cima para baixo e que, antes disso, o jovem já havia sido alvejado por outro disparo.

O inquérito aponta ainda que houve desproporcionalidade no uso da força por parte dos quatro policiais militares envolvidos e que duas das três armas que, supostamente, foram encontradas em posse dos jovens, apresentavam defeitos que impossibilitariam o uso durante um confronto.

O inquérito segue sob sigilo e será analisado pelo Ministério Público (MP), mas confirma o que familiares e movimentos sociais já vinham denunciando desde o ocorrido.

Ana Caminha, moradora e presidente da Associação Amigos de Gegê dos Moradores da Gamboa, afirmou que a comunidade está feliz com o resultado do inquérito por entender que esse direcionamento é fruto da pressão e mobilização da própria comunidade e de parceiros que têm atuado nesse sentido. 

“Mesmo assim, a gente ainda não aceita, porque eles estão falando de uma única execução, quando na real foram três execuções que aconteceram. Vamos caminhar para que o MP entre pesado nessa ação para que esses policiais realmente sejam punidos e afastados”.

Ana comentou ainda que algumas pessoas que estiveram presentes em um ato em memória dos três jovens que aconteceu na Avenida Contorno no dia 7 de março, posteriormente foram abordadas e intimidadas por policiais.

“A gente continua na luta e vamos continuar nesse processo de mobilização. A gente não vai deixar isso ficar impune. A violência só está aumentando de todos os lados”, completou.

Chacina da Gamboa

Alexandre Santos dos Reis (20), Cleverson Guimarães (22) e Patrick Souza Sapucaia (16) foram mortos a tiros pela Polícia Militar da Bahia na madrugada de 1º de março. 

Seguindo o script de sempre, a polícia classificou a operação do dia 1º de março na Gamboa como um auto de resistência, afirmando que os policiais foram recebidos a tiros quando entraram na comunidade e apenas revidaram. O comandante-geral da PM, coronel Paulo Coutinho, chegou a dizer que lamenta profundamente o ocorrido e se referiu às mortes como “efeitos colaterais” da operação.

A comunidade, no entanto, vem denunciando o cenário de guerra vivenciado durante a madrugada em que tudo aconteceu. Eles contam que a polícia já chegou disparando tiros e bombas de gás de forma indiscriminada, e só parou depois que moradores de prédios das redondezas começaram a se manifestar.

“Parecia uma guerra… A gente queria sair, mas tinha medo. A nossa sorte foi que o pessoal do prédio começou a ligar a luz e conseguiram trazer a imprensa, porque a gente ligava e eles não vinham”, contou Ana Caminha, durante ato realizado na comunidade no dia 7 de março.

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