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Meninas não são mães
Geral se lembra do caso recente da menina de 10 anos que engravidou do tio depois de ser estuprada por quatro anos por ele. Né!?
A menina, do Espírito Santo, teve que se deslocar com a avó pra Pernambuco porque não conseguiu realizar o aborto em seu próprio estado. Destaque que o aborto é legal no Brasil em casos de estupro e quando põe a vida da mulher em risco. A menina negra capixaba se enquadrava nas duas circunstâncias.
Em Recife, no hospital que foi atendida, evangélicos fundamentalistas e bolsominions se reuniram para protestar contra o aborto e tentarem impedir que a criança fizesse o procedimento para interromper a gravidez fruto de 4 anos de violência do machismo, de medo e de infância roubada.
A sociedade brasileira, fruto da colonização europeia e cristã, acredita que os corpos das mulheres existem exclusivamente para reprodução. Daí que surge os mitos do tipo “a mulher que não for mãe, não se realiza enquanto mulher”.
A verdade é que quando evangélicos fundamentalistas e bolsominions se levantam para criminalizar uma criança negra vitimada tão asquerosamente eles estão dizendo de novo que odeiam as mulheres, e querem criar estratégias para que as mulheres não se desenvolvam, sobretudo as mulheres negras, como é a menina. Eles também tão dizendo que odeiam os negros, porque se importam com a vida quando ainda é um amontoado de células uterinas mas não se importam com as vidas dos milhares de adolescentes e jovens assassinados todos os anos no Brasil.
Defender o direito ao aborto legal em qualquer circunstância é defender a vida das mulheres, sobretudo das mulheres negras e pobres. Como bem disse o médico que realizou o procedimento na criança: “Mulheres brancas, classe média e ricas abortam de maneira segura e rápida todos os dias no Brasil”.
Ilustração: Rayssa Molinari | Roteiro: Alane Reis e Naiara Leite
Chorei lendo esse quadrinho.