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Jovem negro é morto no Nordeste de Amaralina, em Salvador (BA); Moradores acusam a Polícia Militar de atirar contra Wellington de Jesus

O rapaz foi atingido na perna, mas chegou ao Hospital Geral do Estado (HGE) sem vida e com marcas de disparos de arma de fogo por todo o corpo

Redação Odara

Wellington Vinícius Santos de Jesus, jovem negro de apenas 20 anos, morreu após ser baleado na noite da última segunda-feira (24), na localidade da Chapada do Rio Vermelho, no Complexo do Nordeste de Amaralina, em Salvador (BA). Familiares e moradores da comunidade acusam a Polícia Militar (PM) de já chegar na comunidade atirando e executar o jovem.

Wellington morava na Rua do Gás, na localidade do Vale das Pedrinhas, no mesmo bairro onde foi morto. Ele trabalhava como motoboy e estava jogando bola com um grupo de amigos quando foi atingido por um disparo na perna. Uma mulher que passava pelo local também foi atingida, mas não corre risco de morte.

Contrariando a versão das testemunhas, o comando da Base Comunitária da Polícia Militar no Complexo do Nordeste de Amaralina afirmou na última terça-feira (25) que o jovem estava armado e acompanhado de outros homens a bordo de um carro roubado, e que os “meliantes” iniciaram a troca de tiros que vitimou Wellington.

“Será que é um projeto da PM eliminar jovens inocentes? De onde vem as ordens? Será que é a certeza da impunidade faz com que eles façam isso? Será que é a facilidade de se defenderem com argumentos repetitivos?”, questionou, revoltada, uma familiar.

Segundo contam familiares de Wellington, ele foi colocado numa viatura pelos policiais militares que disseram estar indo ao Hospital Geral do Estado (HGE) para prestar socorro ao jovem. No entanto, a viatura demorou quase duas horas para chegar ao HGE e, ao chegar, o rapaz que havia sofrido apenas um disparo, já estava sem vida e apresentava marcas de bala por todo o corpo, inclusive na cabeça.

“Como ele saiu de lá com um tiro na perna e chega no HGE ‘cravado’ de balas?”, questionou a familiar. “Um menino sem entrada e sem passagens pela polícia, trabalhador, cheio de sonhos e projetos como os outros que se foram aqui na nossa comunidade”, concluiu, referindo-se a outros casos de jovens mortos pela PM no Nordeste de Amaralina.

“Nem em um contexto de guerra seria admissível esse tipo de violação dos direitos humanos. O Ministério Público precisa, urgentemente, tomar providências acerca desses casos reiterados em que a polícia desaparece com as vítimas baleadas e reaparece com elas já sem vida”, comentou Gabriela Ramos, coordenadora do projeto Minha Mãe Não Dorme Enquanto Eu Não Chegar, do Odara – Instituto da Mulher Negra.

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