Movimentos de Mulheres Negras de Salvador realizam lançamento da 2ª Marcha Nacional de Mulheres Negras
A atividade foi construída por diversas organizações e coletivos e aconteceu nesta quinta-feira (21),
no Largo Terreiro de Jesus, no Pelourinho
Por Brenda Gomes
Na noite da última quinta-feira (21), um cenário marcante tomou conta do Largo Terreiro de Jesus, no bairro do Pelourinho, em Salvador: um mar de mulheres negras, provenientes de diversos cantos da cidade Salvador, se reuniu para o Lançamento da 2ª Marcha Nacional de Mulheres Negras, marcando um momento histórico para a luta racial e pró igualdade de gênero em todo país.
O lançamento da 2ª marcha aconteceu em formato híbrido. Enquanto no on-line aconteceu um diálogo com mulheres negras ativistas de diferentes organizações e territórios do país, no presencial, ativistas negras de mais de 81 organizações, de 5 regiões do país, de 17 estados, estiveram juntas em ações presenciais em seus territórios para impulsionamento e visibilidade dessa articulação.
Em Salvador, a atividade iniciou com espaço aberto para intervenções, falas, poesias e performances artísticas. Dentre as artistas que abrilhantaram o evento, destacam-se Verônica Mucúna e Liz Novais, cujas performances trouxeram à tona questões de identidade, resistência e ancestralidade.
Na oportunidade, Sueli Santos, representante da Rede de Mulheres Negras da Bahia, enfatizou os avanços conquistados desde a Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo a Violência e pelo Bem Viver, a primeira edição nacional da Marcha, que aconteceu em novembro de 2015, em Brasília. “Esse momento revela o quanto nós avançamos neste período de dez anos. Eu acho que o grande ganho é perceber como novas atrizes se aproximaram da proposta de Bem Viver e Reparação. Em 2025, seremos um milhão em Brasília, enquanto isso, neste ano, precisamos criar um estado de indignação, rebeldia, de enfrentamento, para ninguém ter dúvida do que estamos indo fazer lá.”
Rita Santa Rita, liderança do Grupo de Mulheres do Alto das Pombas (Grumap), destacou a importância do encontro intergeracional. “Aqui estão ativistas adultas, uma geração jovem e crianças, o que deixa o momento ainda mais bonito e faz com que a gente acredite no potencial da construção da Marcha. Faz com que a gente acredite no potencial desta construção processual, para juntas irmos cobrar a política de reparação, em Brasília, em 2025, para que possamos anunciar o Bem Viver.”
Joana Evangelista, coordenadora do Fórum Nacional de Mulheres Negras Bahia, enfatizou a relevância do encontro. “O lançamento da Marcha é um momento importantíssimo para todas nós mulheres, em especial para nós mulheres negras. É um momento estratégico para dar visibilidade às nossas insatisfações e convidar a comunidade soteropolitana para pensar junto conosco. Pensar em uma educação que chegue a todos, na violência de gênero, na falta de acesso a saúde e, principalmente, no genocídio da população negra.”
A atividade presencial em Salvador foi construída por diversas organizações e coletivos de mulheres, o que deixou o evento ainda mais potente. Organizações estas que seguirão articulando ações para a construção da 2ª Marcha Nacional de Mulheres Negras, que acontecerá em Brasília, em novembro de 2025.
Alane Reis, coordenadora do Programa de Comunicação do Odara – Instituto da Mulher Negra, relembrou a importância da coletividade para a construção do ato. “O Odara, no processo de construção da 1ª marcha, colocou todos os nossos esforços para fazer de 2015 o sucesso que foi, e isso foi muito bom para nós e para o Movimento de Mulheres Negras como todo. Agora, rumo a 2025, também estamos empolgadas e irmanadas com a realização de mais esse momento histórico protagonizado pelas mulheres negras brasileiras.”
O lançamento da 2ª Marcha Nacional de Mulheres Negras, em Salvador, foi mais do que um evento, foi um chamado à ação, à reflexão e à solidariedade, reafirmando o compromisso com a luta contra o racismo e a busca por uma sociedade mais justa e igualitária. A presença massiva de mulheres negras demonstrou um compromisso firme na luta contra o racismo, o machismo e as violências que atravessam a vida das mulheres negras. Reafirmando nossa força e coragem na busca por uma sociedade com reparação histórica e Bem Viver.
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